quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Alô, Brasil: aqui tem educação *


* Do arquivo: 01 de novembro de 2005

Flash ao vivo do RJ TV: cidadão revoltado decide reger Parsifal em Realengo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Em que se constata o desamparo

Você sabe que está atrasado e em falta com as suas rotinas virtuais quando você nota 99 sites acumulados na barra do seu Stumble Upon.

domingo, 29 de novembro de 2009

Dr. Katz, Professional Therapist


Assistir aos episódios de Dr. Katz me faz pensar no que pode haver de não supremamente engraçado em frequentar um terapeuta. Esse pensamento me invade com alguma força e vai se tornando cada mais poderoso e arrebatador à medida que a resposta se torna clara, definitiva e incoercível. E a resposta é: quase nada. Quase nada deixaria de ser supremamente engraçado em matéria de terapia, eu imagino, se eu fosse um paciente. Engraçado para mim, é claro. “Doutor, quando eu era criança os meus pais me deram a dose correta de atenção e disciplina. Doutor, eu comunico os meus pensamentos e o que eu sinto de maneira apropriada. Doutor, tudo que eu faço é geralmente aquilo que eu acho que eu deveria estar fazendo.”

Eu só consigo me persuadir em não contratar os serviços de um terapeuta quando eu começo a pensar nos profissionais que a comunidade médica brasileira provavelmente colocaria à minha disposição. E então o meu convencimento, que antes poderia ser descrito como uma inclinação totalmente favorável a fazer terapia, se consolida numa terminante rejeição.

Um pouco de franqueza. Vamos imaginar que a minha terapeuta seja uma mulher. Pergunta: quanto da sua ciência terá sido adquirida em livros e quanto do que ela acha da vida ela não terá aprendido nas novelas do Manoel Carlos? E se for um homem? Dada a hipótese extrema dele não ter sido um idiota do movimento estudantil comunista, inevitavelmente boa parte das suas preocupações será com o resultado do jogo do, sei lá, Grêmio com o Brasiliense – se não as duas coisas.

Mas este post é para falar de Dr. Katz. A série é um pouco antiga. Começou em 1995 e terminou em 1999. Eu acompanhava apenas esporadicamente quando ela passava no Multishow. Há pouco tempo eu baixei todos os episódios e agora eu estou vendo um por um.

Mas eu preciso confessar que, por circunstâncias absolutamente peculiares da minha agenda, eu só costumo assistir a esses episódios depois de acabar uma rotina extenuante, quando eu já estou bem cansado. Eu só consigo ver, ainda no pleno domínio do meu cérebro, no máximo uns dois episódios. Depois disso eu já começo a dormir e acordar, a dormir e acordar. Isso é massa porque eu fico com uns fragmentos dos diálogos na minha memória e quando eu coloco novamente o episódio para passar, já no outro dia, eu vou vagamente me lembrando do que eles disseram, mas com a sensação de que eu estou, na verdade, descobrindo antecipadamente o que eles vão falar.

Na foto, o Dr. Katz está sentado na sua poltrona. O guri é o Ben, filho do Dr. Katz, cuja filosofia de vida é a de if you do nothing enough, then something is bound to happen. À esquerda, a adorável e inatingível Laura, assistente administrativa no consultório dele. Ela é completamente impaciente e distante, mas nunca ríspida e descortês, na minha opinião, com o povo que está aguardando a consulta ou mesmo com o Ben - ainda que por ofício, ela sempre atende aos telefonemas diários do Ben, o que é sempre mais do que se pode falar de maioria.

Fora esses três personagens excelentes, em cada episódio aparecem os pacientes do Dr. Katz, personalidades da stand-up comedy americana ou mesmo atores. Mitch Hedberg e David Cross, por exemplo. Eles apresentam o material deles, tornado ainda melhor pelas animações. Esse vídeo do David Cross, aliás, mostra bem o jeito da Laura, que eu insisto em dizer que não é rude no sentido mais puro e condenável do termo. Ela é uma graça, é o que eu quero dizer.



segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Uma foto

Abrindo esta foto numa janela separada vocês verão como é que eu sou na vida real, quando eu não estou aqui brincando de ser blogueiro.


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Antichrist - Lars von Trier



Acho que vai ser a primeira vez que eu vou escrever um post por etapas. Eu inauguro este precedente porque ao mesmo tempo em que eu não quero me esquecer das primeiras impressões que eu tive sobre este filme, eu também não quero parar de escrever sem antes escrever um pouco sobre todas as impressões que eu tive sobre ele. E como o tempo que eu tenho para fazer isso vai se dividindo, tão tristemente e com desvantagem, com o tempo que eu preciso usar para fazer outras coisas, fica o post por etapas.

***

No que fracassei. Escrevi aquela primeira parte ainda na semana passada, um pouquinho só depois de ter chegado do cinema. Estava cheio de ideias na cabeça sobre o Gênesis, sobre a suma importância do filme se chamar Antichrist e não The Antichrist, sobre a gloriosamente dramática fala da mulher, dizendo que ela não tinha encontrado a chave inglesa; sobre outras coisas também que eu pensava que precisavam ser ditas depois de alguma reflexão, como a minha sugestão de que o David Lynch deve ter assistido a esse filme pensando "well played", ao que eu lembraria a ele, se por acaso nos encontrássemos na fila da padaria, "mas você explodindo a cabeça do Willem Dafoe com uma escopeta em Wild at Heart também foi massa, David". Mas todo esse surto de pensamentos eu irei interromper agora, pois a única coisa séria que se pode dizer sobre este filme, a única recomendação que eu vou levar para a minha vida depois de vê-lo está essencialmente reduzida a isto:


domingo, 13 de setembro de 2009

Up - Pete Docter e Bob Peterson




Por mais que eu já tivesse lido, na Veja, sobre o enternecimento bucólico e sobre a comiseração voluntária que se sentem na cena das nuvens, os dois amantes deitados numa colina vendo, nas formas de algodão, os sonhos de uma vida inteira progressivamente se desfazendo em amarguras no mundo triste onde as nossas fantasias não se realizam; por mais que eu já soubesse mais ou menos o que iria acontecer, admito que uma ponta de desespero me abateu na hora. Acho que eu cheguei a sussurrar, ensimesmado, que aquilo tudo era uma grande pena. Mas depois disso, pelo menos, as comoções vão se tornando menos arrebatadoras e o que ocorre é que você se esquece de torcer pelo Carl por tudo de lamentável que já aconteceu com ele no passado, adquirindo então a expectativa mais prosaica de que coisas positivamente engraçadas simplesmente continuem a acontecer com ele. No que não se fica decepcionado, aliás.

Foi a primeira vez que eu assisti a um filme numa sala preparada para a tecnologia 3D. Eu pensava que eu iria receber um daqueles óculos com umas rudimentares lentezinhas de plástico azul e vermelha, como as que costumavam vir nas revistas científicas de muitos anos atrás, supostamente permitindo ao nerd enxergar o mundo como as aranhas, as abelhas e outras criaturas de grande interesse. Óculos 3D, hoje em dia, já não são mais assim. Não os que você recebe para assistir a este filme, em todo caso, que seguem o modelo fundo de garrafa como o do próprio Carl Fredricksen, com a lente um pouco obscurecida. Agora, eu não sei se eu perdi algum recurso de imagem pelo fato de usar os óculos 3D por cima dos meus próprios óculos de grau. Para a comunidade dos que têm uma miopia não muito acentuada e um astigmatismo grande a ponto de o dono da ótica ficar assustado e dizer que aquilo está fora do padrão industrial, que ia ficar difícil conseguir fazer a receita e que ele iria ver se dava um jeito de mandar fabricar - porque ele trabalha há muitos anos nesse negócio - a sua lente especificamente para você, para essa grande comunidade eu informo: dá para ver o filme numa sala 3D; você só vai ficar tendo que ajeitar os óculos a todo instante, o que não é novidade alguma.

Sobre a história em si, as informações que eu tenho a dar ficam um pouco prejudicadas por uma circunstância incomum que acabou acontecendo comigo. Mais ou menos, eu diria, quando o primeiro quinto do filme estava terminando, eu saí da sala para comprar pipoca e refrigerante - ocasião em que eu fui ao balcão e fiquei pensando em comprar pipoca e refrigerante. O momento que eu escolhi, parece, não poderia ter sido pior, pois eu perdi a hora em que o Carl e o Russell saem de uma cidade nos E.U.A, onde eles viviam aparentemente regularmente, e embarcam numa casa sustentada por inúmeros balões de hélio, que, voando com um senso de direção até agora incompreendido, aterrissa numa chapada da América do Sul. Um evento que qualquer um vai reconhecer que, se você perde a hora em que ele aconteceu, pelo resto do filme você vai ficar se perguntando um pouco mas como diabos tudo isso aí foi acontecer.

Nada que me fizesse desgostar da história. Sabe quando o repórter diz que determinada atividade é para toda a família, que os adultos vão se divertir até mais do que as crianças, assim produzindo nos seus leitores a vontade de bater a cabeça na parede? Então, blogueiros também podem falar isso.

Um pouco de Denis/Mr. Wilson: o Russell é um escoteiro que precisa conquistar uma última distinção - ajudar um idoso - antes de receber a honraria final de ser considerado um grande explorador. O Carl é um pacato cidadão que resolve realizar o sonho de infância da sua falecida mulher e ter uma casinha no Paraíso das Cachoeiras. Ele chama o guri de guri, o que é o adequado.

Os amigos que eles fazem no caminho: o cachorro tem uma coleira do tipo Ned/South Park e consegue falar. A Kevin é uma espécie rara de ave que habita a região e frequentemente engole a begala quadripé do Carl, regurgitando-a cheia de gosmas.

sábado, 12 de setembro de 2009

Seven pounds - Gabriele Muccino


Me lembrei de como um dos personagens do The Devils também queria aproveitar a circunstância de que ele planejava se matar em algum momento próximo para então fazer alguma coisa de útil pelos outros. Em vez de sair doando órgãos, no entanto, o que esse personagem iria fazer era assumir a responsabilidade, numa carta suicida forjada, pelo assassinato de uma personalidade política da região. Assim, era o plano, desestabilizava-se o regime com o assassinato e, ao mesmo tempo, garantia-se a impunidade dos verdadeiros homicidas. E por que alguém iria se dispor não só a morrer, mas a morrer levando para a eternidade a infâmia junto ao seu nome? A resposta é o niilismo. Esse personagem era niilista. Ele não iria se matar por estar enfadado, entristecido. Muito menos ele iria se sacrificar pela causa revolucionária. O que ele iria fazer era apenas responder da maneira que lhe parecia a mais natural à imensa pressão que acompanhava a sua crença de que nada era importante. Ora, se nada é importante, eu não devo simplesmente me acomodar num estado de apoplexia paralisante. Devo logo atravessar com um projétil o meu crânio, contribuir, por meio de um exterminiozinho, para a grande aniquilação total que deveria ser o único propósito de todo mundo. Mas se realmente nada é importante, não faz mal eu esperar alguns meses até que uns amigos revolucionários que eu tenho possam planejar o assassinato de um Príncipe local, para que então eu possa assinar um carta estúpida assumindo a responsabilidade pela coisa toda. Nada de culpa, portanto, e nada de redenção.

Já neste filme, o que acontece é justamente uma tentativa de redenção da culpa. Mas o que eu gostaria de dizer é que ainda não foi dessa vez que eu achei o tema da culpa e da redenção suficientemente bem tratado. Quer dizer, não consigo me lembrar, nesse momento, de nada que tenha cuidado desse assunto do jeito que eu acho que seria muito legal se fosse feito. Só que também tem uma coisa: eu não estou querendo fazer um tratado aqui e não estou com paciência para pensar em várias referências que eu sei que poderiam ser feitas. O que eu estou querendo dizer sobre Seven Pounds é que, por nobres e cativantes que tenham sido as intenções do personagem do Will Smith, a origem dessa sua conduta não é exatamente tão perturbadora quanto se quer fazer crer.

Estragando a surpresa para quem ainda não viu o filme - e estragando mesmo a surpresa, já que, Ai, Meu Deus, que original e diferente que esse filme é ao contar a história em flashbacks! -, o que acontece é o seguinte. O sujeito trabalha bastante e é rico. Ama a esposa e tudo o mais. É fiel, etc, etc. É um bom chefe para os seus funcionários, mas de vez em quando ele chega atrasado para o jantar e fica falando ao celular. Numa dessas vezes em que ele está falando ao celular, logo depois de ter comprado um gigantesco anel de diamantes para a sua mulher - a qual, diga-se de passagem, em verdadeira sublimação, não se aguenta de felicidade ao ficar contemplando incessantemente o tal anel -, numa dessas vezes, eu ia dizendo, o personagem do Will Smith comete a suma injúria de incorrer numa infração de trânsito. Isso porque ele estava dirigindo o seu carrão e foi atender ao telefonema de alguém do escritório. Ato contínuo, perde o controle do carro, tromba numa van e deixa sete pessoas mortas, a esposa, inclusive.

Daí a sua culpa, daí a sua tentativa de redenção. Depois desse acidente ele sai do seu emprego importantão e sai da sua casa de praia esplêndida. Ele dá um jeito de conseguir a carteirinha do seu irmão, que é auditor fiscal, vai se meter num quarto de hotel barato, e então vai atrás de sete pessoas cujas vidas ele pode salvar, seja com os seus bens materiais, seja com os seus órgãos vitais. Muito comoventemente ele se mata, mas de uma maneira elaborada e bem planejada, de modo que um amigo dele possa providenciar a doação de órgãos e outros detalhes lá.

Mas de que tipo de culpa nós estamos falando? De um acidente de trânsito, ora senhora! De um acidente de trânsito intencionalmente provocado? Intencionalmente provocado por um motorista sem habilitação? Bêbado? De alguém que estava a 180 numa área de 40? Não. Estamos falando de um acidente de trânsito de alguém regularmente habilitado, sóbrio, que dirigia de maneira adequada pela rodovia. Ah, mas ele foi atender ao celular... Ah, e quem estava ligando era o pessoal do trabalho, tipo, umas 10 horas da noite...

No filme, não se enfatiza muito o único aspecto relevante do caso, que foi o cometimento de uma infração do trânsito. A mulher dele mesmo não reclamou que ele atendesse ao telefone. Ela ficou brava foi com o fato de que era alguém do trabalho ligando. É, atender o telefonema de alguém do trabalho é muito ruim. Trabalhar mesmo é a suprema iniquidade. O sujeito que faz a opção de trabalhar é o responsável por tudo de ruim que acontece na Terra. É nesse ponto - e, por causa dos flashbacks, esse ponto é esclarecido apenas no final - que eu acho que o filme desandou. O que é uma grande pena, porque esse é o próprio ponto de partida da história: um sujeito diligente o suficiente para atender a um telefonema do escritório é tão incrivelmente ímprobo que se um acidente de trânsito acontecer e ele for o único sobrevivente, então a única forma dele escapar do inferno vai ser ele se matar, dar a sua casa para uma imigrante e doar todos os seus órgãos vitais para as pessoas que estão mal colocadas na lista de espera. Eu fiquei sensibilizado, é claro, com a história e evidentemente admirei o exemplo de abnegação do personagem, mas, falando de culpa e redenção, eu acho que Seven Pounds não é lá uma coisa formidável.

Depois de um trauma como o dele, eu até concedo, o sujeito poderia questionar alguns de seus valores, refletir se a forma como ele conduzia a sua vida era ou não a mais edificante forma possível. Minha opinião é a de que ele já não andava mal das pernas desde o início e que a sua reação, embora de um valor único para as pessoas que dela se beneficiaram, mostra como ele simplesmente não percebeu a proporção das coisas. Basta pensar, por exemplo, que o único tipo de responsabilidade criminal de que se cogita no filme é a responsabilidade por adulterar documentos fiscais. Nada se fala sobre responder criminalmente pelas mortes provocadas. Se essa é ou não uma peculiaridade do sistema jurídico local não vem ao caso, porque a mera ideia de ir para a cadeia sequer passou pela cabeça dele. Me parece claro que é mais útil alguém fazer o que ele fez, em oposição a só apodrecer no sistema carcerário; já a justiça da coisa, principalmente em se tratando de morte acidental, esse ponto já fica muito mais difícil de se sustentar.

Como exemplo de verdadeira culpa e redenção, em todo caso, eu não gostaria de ver um grande executivo, um trabalhador perfeitamente legítimo, afinal, retirando a sua existência por causa de um acidente de trânsito. Ou, como eu li na Veja há pouco, como acontece no novo filme do Lars von Trier, um casal indo à loucura porque, ocupados que estavam na cama, não perceberam o seu filhinho se precipitando pela janela. Curiosamente, o tipo de culpa que se tolera ver tratado em histórias é a culpa no seu sentido jurídico -- grosseiramente falando, nos casos de ausência de intenção. Culpa no sentido vulgar, quando há intenção na prática do ato, parece ser difícil demais de ser suportado.

Eu gostaria de ver a história de um cara que tenta se redimir depois que ele deixa uma criancinha ser atropelada por um trem, sendo que ele não ganhava nada com a morte dela, ninguém em sete gerações de ascendentes dela tendo feito nada de mal a ninguém em sete gerações de ascendentes dele, sendo que ele tinha quarenta minutos para desamarrá-la antes que o trem chegasse e sendo que ele preferiu ficar sentado, vendo a confusão acontecer. Um cara desses, aí sim, poderia depois pensar "Mas que coisa ruim foi essa que eu fiz, Nossa Senhora?" e se arrepender. A história desse cara se redimindo seria interessante de ser vista.

domingo, 30 de agosto de 2009

Never Give In! - The challenging words of Winston Churchill with an introductory essay by Dwight D. Eisenhower


Uma compilaçãozinha de discursos do velhinho. Várias fotografias com efeito de desenhos. Das citações, a que eu mais gostei e não conhecia foi uma sobre o propósito de destruir Hitler.

"I have only one purpose, the destruction of Hitler, and my life is much simplified thereby. If Hitler invaded Hell I would make at least a favorable reference to the Devil in the House of Commons". House of Commons, Junho, 1941.

Mas a conclamação que está no título, de nunca admitir a derrota, no fundo é apresentada com algumas condicionantes. Seria simplesmente burro e disparatado que não fosse assim. Duas espécies de convicção podem fazer a pessoa se entregar, a convicção da honra e a minha predileta, a convicção do bom senso.

Com todo esse assunto bélico, até que seria bastante conveniente se eu pudesse contar, jactante, que a minha guerra pessoal pelo abastecimento mundial de petróleo já chegou a um bom termo. Que os Stray Dogs finalmente tomaram Moscou e que Frontlines: Fuel of War foi por mim zerado. Infelizmente, no entanto, eu ainda não posso dizer que a vitória é minha. E talvez a chance que tinha de zerar o jogo se foi com os últimos flancos que eu pretendia ocupar.

O motivo? Um ataque aéreo de helicópteros indestrutíveis? Eu ter sido encurralado, sem munição, por um tanque de guerra urbano? Não, foi bem pior. O que me derrotou foi uma tardia emanação do RED RING OF DEATH! It was a red riiing of deaath!



I was praying to God it was a faulty disc.

sábado, 15 de agosto de 2009

Tricky drink

Sábado à noite. Sozinho no seu quarto um jovem tem nas suas mãos um drink para obnubilar a tristeza que o abate. Se rios fossem de beber, ele seria um pato mergulhador. Ele sorve a última gota, insatisfeito. Seus olhos distraídos e medrosos giram pelos cantos em busca de respostas. Passam pela janela, pelo teto, pelos objetos espalhados no chão. Por providência eles param no drink, naquele último refúgio conhecido. Demoram-se um pouco ali, recatados e imóveis. Não tem como saber quanto tempo se passa assim. Saindo do estupor paralisante, no entanto, aos poucos uma súbita sensação de atividade cerebral vai tomando conta dele, como se finalmente ele tivesse reatado com o mundo uma relação de interferência recíproca, mínima que fosse. Encabula-se, por fim. Atrás da caixinha de Toddynho que ele estava tomando, cáustico como a própria bebida, depara-se com isto: “DESEMBARALHE AS LETRAS e descubra quem é que mais precisa que você jogue lixo no lixo”. Ele processa. Aquilo era uma pergunta? Por Deus, o que ele faria com mais uma pergunta? O que mais uma pergunta adiantaria a ele? Não, aquilo não era exatamente uma pergunta. Era uma afirmação indagativa. Uma funesta afirmação indagativa. Alguém precisa, parece, que se jogue lixo no lixo, alguém que pode ser descoberto pelos consumidores de Toddynho. Ele processa. Desviando-se, pensa como é que alguém pode dizer que alguma coisa é lixo antes que essa coisa de fato esteja no lixo. E pensa para quê alguém precisa chamar de lixo alguma coisa que já esteja no lixo. Ele processa que aquelas eram outras perguntas e que para o momento o que ele precisava era de respostas. Disposto a desvendar aquele mistério apresentado pela indústria de laticínios ele então tenta desembaralhar as letras e identificar aquele que mais precisa que se jogue lixo no lixo. O que se mostra tricky. As letras embaralhadas não estão exatamente dispersas pela embalagem, mas, ao fundo, a imagem de um globo terrestre e de uma caixinha de toddynho, viva, atirando uma bolinha de papel numa cesta azul, confundem. “aetnpla raTer”. Alguém precisa que se jogue lixo no lixo e para saber quem você precisa desembaralhar as letras “aetnpla raTer”. Tricky.

sábado, 1 de agosto de 2009

O que é e o que deveria ser


Eu morri. Inúmeras vezes. Quando o infortúnio dos meus passamentos aconteceu em Frontlines: Fuel of War até que a coisa não teve uma repercussão assim tão drástica. Nesse jogo você comanda uma equipe de 12 soldados e todos eles têm basicamente as mesmas características. As armas e a munição, na verdade, às vezes variam de um para o outro, mas nada na sua estratégia e na sua forma de jogar se altera só por você estar com um atirador a menos. Em Commandos 2: Men of Courage a situação já é outra. Cada soldado tem uma característica bastante peculiar e a sua equipe tendo normalmente só três ou quatro membros em cada fase, a cada vez que um morre o prejuízo para você não é pequeno. Outros aspectos fazem a diferença entre os dois jogos ser ainda maior. FFoW é de Xbox 360. Commandos, sei lá, do Windows 98. Num, em geral, você vai atirando sem parar e o controle na sua mão treme fortemente. Noutro, os momentos mais dramáticos costumam se limitar a você clicando com o botão direito do mouse para escolher uma ação.

Imagens para ilustrar o que eu estou dizendo.

FFF: eu, salvando o abastecimento mundial de petróleo enquanto me chamam para comer a pizza antes que ela esfrie.


Commandos: eu, resgatando o mundo do nazismo enquanto me avisam que eu vou ter que colocar a pizza no micro-ondas.

Um pensamento me ocorre agora sobre a vacuidade da vida em contraste com o simbolismo infinito dos jogos. O pensamento é simples e pode ser apresentado assim: jogos têm chefões; a vida, não. Quando se enfrenta um chefão num jogo se sabe perfeitamente bem que aquilo ali é definitivamente um estágio avançado na sua trajetória, um ponto que só de chegar nele você tem alguma coisa da qual se orgulhar e, em passando por ele, alguma coisa pela qual esperar. Toda a sensaboria da vida está em não saber se você está progredindo ou não, se uma determinada fase já ficou para trás ou se o momento que você está vivendo é apenas mais um lado irrelevante das suas mesmas circunstâncias. A música mudando na hora que o chefão aparece; de uma hora para a outra uma saída se bloqueando atrás de você; você vendo progressivamente qual é o ponto fraco do chefão e aos pouquinhos tirando todo o life dele (por canhestra que possa ser essa expressão, tirar todO O life de um chefão, como bem se sabe, é o jeito certo de explicar o fenômeno); tudo que diz respeito a encontrar um chefão e derrotá-lo, numa palavra, é o que falta na vida.

domingo, 19 de julho de 2009

Modest Mouse

Faz pouco mais de um ano que eu comecei a escutar essa banda mais sistematicamente. Não me lembro exatamente da ocasião, mas me lembro muito bem das minhas circunstâncias à época. Cruzava a cidade, de um lado para o outro, ao mesmo tempo pensando em coisas que iriam acontecer no final de semana e em coisas marcadas para mais de 40 anos depois. Eu ouvia música basicamente só pelo mp3 player, um mp3 player rudimentar que me deram uma vez. Uma coisa que era boa, no entanto, era que algum comando que eu tinha ativado e que eu nunca tive muita paciência para mudar, esse comando fazia as músicas serem tocadas sempre na mesma sequência. Eu me divertia bastante quando uma música ia chegando ao final e eu, por algum mecanismo cerebral insabido, de uma hora para a outra me lembrava qual música iria tocar em seguida. Era a ordem no meu universo, o controle e a segurança que todos nós buscamos. Eu ainda acho que pressentir a próxima música é um evento muito especial.

Spitting Venom, por falar em finais memoráveis, é uma das minhas músicas prediletas. Ao vivo chega a ser uma música completamente diferente da versão de estúdio, é claro -- é muito boa, mesmo assim.



Baby Blue Sedan, pelas minhas razões e numa montagem realmente excelente.



Não é por nada que Modest Mouse está na primeira colocação na minha lista do Last.fm. E não é por nada que a banda é uma das mais escutadas.



O final desta música - The World at Large, a partir de 4:22 - me faz pensar naquelas cenas em que os personagens do David Lynch estão despertando de um sonho escabroso, ainda sem saber que eles já acordaram e ainda sem saber o quão escabroso foi o sonho que eles acabaram de ter. Essa montagem é também do povo da internet.



Terminando, Other People's Lives.

domingo, 12 de julho de 2009

The Curious Case of Benjamin Button - David Fincher



Brad Pitt devia estar maluco se ele pensou que ele iria ganhar um Oscar pelo que ele fez neste filme. E eu não estou falando isso por que o Oscar seja uma premiação seriona que só profissionais fabulosos possam ganhar -- não foi o Sean Penn que ganhou mais uma vez no ano passado como melhor ator? Então. O meu ponto é que como Benjamin Button o Pitt não fez nada demais. O máximo que ele fez foi seguir o roteiro exatamente como foi mandado, tudo para se tornar uma visão perturbadora. E o sucesso que ele teve nisso, é claro, foi graças unicamente aos efeitos especiais. E até onde eu saiba, embora seguir o roteiro e se tornar uma visão perturbadora sejam algumas das coisas necessárias para se ganhar o Oscar - Tom Hanks não me deixa mentir -, para ser escolhido como vencedor o profissional precisa fazer alguma coisa a mais.

E agora eu digo o que não é para ser bombástico, porque minha índole a isso não permite, mas que é para ser escutado pelas pessoas que se apressaram em elogiar a história: este filme não tem um drama que se possa dizer verdadeiramente dramático. Correndo o risco de acabar como aquela articulista que uma vez disse que The Passion of The Christ tinha uma carga dramática de quinta, observo que, anomalias genéticas por anomalias genéticas, Benjamin Button está longe de ser um Elephant Man. Ou Mask. Em matéria de sofrimentos de guerra não tem nem graça querer exaltar o Benjamin, o que portanto eu deixo de fazer. Muito menos no tópico das mortes violentas e abruptas. Ele tampouco viu todas as pessoas por quem ele tinha afeto morrerem, como o Highlander. E devo lembrar que o sujeito conheceu a Cate Blanchett? Vamos dar uma olhada na indigitada senhorita:


I rest my case.

Mas tem também o fato de que ele foi um herdeiro.

sábado, 11 de julho de 2009

Luis Guzmán*


*Do arquivo.

Só serve para filmes de vasto elenco, em que a sociedade americana, de uma forma ou de outra, deve ser apresentada como um mosaico cujo conteúdo é um bocado de gente perturbada que diz I don´t give a fuck, porque isso soa bem e expressa bem. Mas como serve. Ele consegue sair do modelinho do latino yo man. Às vezes ele é engraçado, às vezes mau. É um dos meus atores prediletos. Se a trama envolve muitos personagens irrelevantes, Luis Guzmán pode ser um deles.

N´O Juri, ele é um dos doze jurados. Em Tratamento de Choque, ele é um dos pacientes de Jack Nicholson. No Conde de Monte Cristo, ele é dos trezentos piratas e acaba virando lacaio de Jim Cavieziel. Consultando aqui sua filmografia, constato que em alguns filmes ele representou a ele mesmo. Ah, como eu queria me lembrar, com detalhes, de Crocodilo Dundee II ou daquele em que o George Clooney fica dentro do porta malas com a Jennifer Lopez. Até Magnólia. Ou mesmo Oz (...), Oz (...) Oz! Boggie Nights... Há filmes mais celebrados, como o Coletor de Ossos e Traffic. Parece que houve até uma série, da qual nunca eu ouvi falar. Uma pena mesmo. Em algumas produções e em cenas excluídas de dvd ele aperece uncredited -- e essa é a minha definição de injustiça.

Clark and Michael

A minha total retirada temporária deste blog ainda não se completou, de modo que eu aproveito para postar sobre uma série antiga que para mim é nova. Só ontem e hoje mais cedo é que eu parei para assistir aos dez episódios da única temporada, que é de 2007. Cada um tem mais ou menos dez minutos, o que tornou mais fácil eu conhecer a história, me inteirar sobre os personagens, me envolver com o trama, descobrir como ela acaba e enfim sentir vontade de que ela continuasse.

Eu já tinha ouvido falar bem e já confiava que Clark and Michael seria um bom ato de entretenimento. O formato é o de um mocumentário. Clark e Michael são dois amigos que ficam enfurnados dentro um apartamento - ocasionalmente saindo em frustradas missões para conseguir emplacar um programa de TV que eles escreveram. Clark é o arrogantezinho que se enfurece quietamente quando as pessoas o confundem com uma mulher. Michael, o anglo-saxão acostumado a consumir muito satisfatoriamente tudo que ele tem vontade.


Um povo do Arrested Development aparece de vez em quando. David Cross, por exemplo - que era casado com a tia do George Michael -, é o instrutor de direção neste episódio do vídeo. Tony Hale também aparece. Quem ficou faltando e que, hum, de fato fez falta, foi o Will Arnett.

Nesse outro episódio em algum ponto se cogita de trocar um pacotinho de sal por uma semana com a esposa de um imigrante russo, mas logo depois se decide que o melhor em matéria de barganha é julgar cada situação.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Vai ser difícil eu conseguir postar com alguma regularidade nestes próximos tempos. Penso com alguma melancolia em alguém lendo isto aqui secretamente, silenciosamente, e ficando sem o seu pasmo de cada final de semana. É uma grande pena alguém ter que ficar sem o seu pasmo de cada final de semana.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

I don't know if this is premature of me to say...

... but I think it’s time we ask ourselves what the hell Celine meant when she wrote that song saying that she had heard rumors about Jesse, about the bad things he did. What did she have in mind when she said that? Let us just remember that she was the one who didn’t show up at the train station. Could those rumors be the ones she read at the newspaper, about Jesse having a wife and a kid? I don't think so. Those were not rumors, let alone bad rumors. I have thought about this and my one theory is that what she was kidding about, when Jesse asked her if she dropped any name of a guy in middle of the song, my theory is that that was true. She did sing that song for any guy who would come up to her place. "Island of rain” is another piece of the lyrics which remains to be explained. And don’t give me that “island of rain” means Manhattan. For although it is true that Jesse moved to New York, it is also true that Celine had no idea about that. As far as she knew, he was still somewhere in Texas, okay? So don’t give me that “island of rain” means Manhattan. It doesn’t.

Gegen die Wand - Fatih Akin

Este é mais um daqueles filmes em que dois alemães de ascendência turca se conhecem numa clínica para suicidas e se casam para que a guria consiga sair da casa dos pais e frequentar boates sem que ninguém fique torrando a sua paciência. É daqueles típicos filmes em que o sujeito que antes estava tranquilo com o fato de que a sua esposa não era fiel, depois fica enciumado e, numa discussão de bar, mata um indivíduo com um golpe e vai para a cadeia. De nenhum filme com essa história eu já gostei. Todos me pareceram prejudicados por aquele mesmo excesso de alemães de ascendência turca se conhecendo numa clínica para suicidas e tal.

Mas eu gostei deste aqui -- distúrbio na minha personalidade que isto aqui está causando, eu suponho.

Falstaff - Orson Welles

Tão em dúvida eu fiquei quanto ao título deste filme, que em cada lugar do mundo ficou conhecido por um nome, que eu acabei colocando um título que eu acho que não foi oficialmente adotado em lugar algum. Pelo que eu pude ver, sempre tinha um daqueles complementos de títulos que se inventam quando o título original é só o nome do personagem. E quando esse não era o caso -- até por o título original não ser o nome do personagem! --, alguma coisa completamente fora do previsível era escolhida como título, de modo que eu deixarei ficar o Falstaff, que não é mau título.

No que eu vou insistir é na forma, na deficiência crônica da forma como a principal cena de guerra medieval foi mostrada. O combate era entre os exércitos do Príncipe Hal e os do Henry Percy. Alguns milhares de soldados tendo sido posicionados em campo aberto, a visão que se tem é a de dois enormes blocos humanos colidindo de maneira não amistosa. Orson Welles, mostrando essa batalha, seguiu os preceitos da escola que eu chamarei clássica -- a escola que pensa que o melhor jeito de gravar essa cena é mostrando vários momentos da batalha de maneira rápida. Com a cavalaria, por exemplo, sendo mostrada avançando por alguns segundos, seguida da artilharia, da infantaria, dos arqueiros. No máximo dois ou três golpes são mostrados daqueles poucos soldados escolhidos entre a multidão. Acho que a ideia é mostrar que a batalha é dinâmica ao mesmo tempo em que ela é avassaladora, tudo isso chocando o menos possível com detalhes de sanguinolência.

Eu estou cansado da escola clássica. Não consigo pensar num único filme de guerra medieval que não tenha seguido a escola clássica. It's all full well for a while com a escola clássica, mas chega uma hora em que você quer ver alguma coisa diferente. O que eu proponho é um sistema mais individualizado de filmagem. Eu não quero ver 17 vezes, 17 soldados darem 17 espadas únicas em 17 adversários e eu não quero escutar 17 gritos de dor antecedendo 17 mortes instantâneas. Eu quero ver, adaptada ao combate medieval na sua totalidade, a cena que a escola clássica reserva apenas para a briga dos chefões de cada exército. Só que sem aquela palhaçada de 17 tentativas de acertar o adversário pela direita, depois 17 tentativas de acertar o adversário pela esquerda. Eu ficaria satisfeito se eu visse o quê, dois ou três soldados rasos brigando realmente até que um deles morresse. Estou falando do vencedor perfurando repetidamente o tórax do derrotado, o sangue esvaindo do seu corpo em pequenas ondas e pedaços das estranhas ficando na ponta da espada. Sabem aqueles sujeitos que recebem uma única flechada no peito e já caem cadáveres? Eu quero ver esses sujeitos sendo trespassados por uma flecha no pescoço e agonizando por uns 40 segundos, até que um soldado inimigo passe e lhes esmaguem o crânio com uma bota.

domingo, 28 de junho de 2009

Cowboy Bebop


Mais uma lembrança japonesa que eu vou guardar numa seção especial do meu cérebro onde eu acumulo todo material que eu já recebi -- isso para acessá-lo de vez em quando como se fosse parte da recordação carinhosa de uma única tarde na qual o maior volume desse material foi introjetado na minha percepção de uma só vez.

***

Eu já estava para assistir a essa série há muito tempo. Ela me foi muito bem recomendada. Na hora do download eu usei a tática de colocar a prioridade para os primeiros 10 dos 26 episódios, de modo que eu já tenho bastante coisa para assistir mesmo sem ter completado o arquivo inteiro. E a impressão que eu tive da série foi tão boa que eu resolvi postar alguma coisa já agora. Se eu me lembrar eu escrevo mais alguma coisa quando eu chegar ao final - de preferência, contando os detalhes da morte heróica do protagonista, o Spike Spiegel.

O bom mesmo vai ser aproveitar essa época de intermissão nas outras séries com uma história nova.

Um colega que eu não vejo há muito tempo costumava me dizer quantos terabytes ele tinha baixado naquela semana, para a constituição do que ele se gabava de anunciar como sendo uma das maiores coleções brasileiras de anime. Eu não sabia o que eu estava perdendo toda vez que ele me contava as suas façanhas torrentianas e eu não pedia que ele gravasse alguma coisa pra mim. Digo isso porque eu gostei bastante de Cowboy Bebop e posso apostar que ele tem essa série lá na coleção dele.

A história, pelo que deu para perceber, é a de um grupo de caçadores de recompensa, intergalácticos e do futuro. Tendo visto só as duas primeiras sessões, uma coisa eu já posso dizer. O Spike tem alguma coisa de Father Brown nas suas atrapalhações, no seu talento para capturar os perseguidos contando com as mais impensáveis formas de acaso. Se você aceitar que deduções psicológicas ultra-elaboradas como as do Father Brown podem ser substituídas sem prejuízo por golpes absolutamente destros de mão e pé, e que a solução de crimes pode equivaler à própria apreensão de bandidos, então a comparação é perfeita.

Com uma vantagem para Cowboy Bebop que nem nas melhores páginas de Chesterton você vai encontrar alguma coisa parecida: a trilha sonora. A importância da música é tão grande nessa série que os episódios têm nomes como: Asteroid Blues, Jupiter Jazz e My Funny Valentine. Para não falar da música dos créditos iniciais, que é muito divertida.

sábado, 27 de junho de 2009

High Noon - Fred Zinnemann


Uma coisa que acontece neste filme é a coincidência entre o tempo da história e o tempo de duração do filme. Pouco mais de uma hora, quer dizer, entre o momento em que o Marshall Kane, logo depois de se casar com ninguém menos do que a Grace Kelly, descobre que o seu arquinêmesis, Frank Miller, está voltando para a cidade, até o momento do tiroteio final na rua empoeirada em frente ao hotel. O nome disso, como é mesmo?

O bandido que está voltando para a cidade é um sujeito que o Marshall tinha prendido e enquadrado na pena de enforcamento, mas que um júri do norte havia deixado escapar com uma simples condenação à prisão perpétua. Cinco anos depois ele acabou recebendo o indulto e agora ele estava sendo aguardado por uns antigos capangas no trem do meio-dia. As promessas eram as de que se iria reinstituir a barbárie.

A história é basicamente a da ansiedade coletiva pelo retorno do malfeitor e a da agonia individual do Marshall, que infrutiferamente fica tentando recrutar deputies para enfrentarem junto com ele o tal do Frank Miller.

O tiroteio final é meio decepcionante, se você compará-lo com os tiroteios finais dos filmes do Sergio Leone, por exemplo. Sem dúvidas mais realistas, os atiradores de High Noon não têm aquele código de honra que os personagens do Leone têm, e que me obriga a esperar um pouquinho antes de sair disparando, meio que dando a oportunidade para o adversário sacar a arma primeiro, porque só assim eu consigo provar que eu sou mesmo o melhor e mais rápido gatilho, capaz de vencer o duelo mesmo que o outro sujeito tente me acertar antes.

domingo, 21 de junho de 2009

Paks and Recreation


Quando eu pensei que eu estava mesmo perdendo a cabeça - e até agora eu ainda não encontrei na minha bagunça os dvd's 2 e 3 da segunda temporada de Seinfeld -, uma alma caridosa veio e me colocou novamente no caminho das séries: Parks and Recreation.

Foi até um pouco ridículo como eu não entendi a notícia logo de cara. Uma amiga me disse que ela estava gostando de assistir ao novo Office, gostando principalmente da Rashida Jones aparecendo e sendo basicamente a criatura adorável que ela é por natureza. Eu fiquei sem entender do quê ela estava falando. Ela insistiu que se tratava de um novo The Office com a Rashida Jones. Escutando isso, o que eu pensei? Eu pensei que eles tinham feito uma série só com os exilados da Dunder Mifflin, como o Roy, o Josh, a Jan e a própria Karen. Nesse estado de confusão mental eu pedia links, mas tudo que a guria conseguia me falar era numa tal de Amy Poehler. Amy isso, Amy aquilo. Foi preciso muita paciência do povo para que eu conseguisse entender qual era esse novo Office. Era Parks and Recreation.

O formato é exatamente o mesmo, documentográfico. Pequenas entrevistas que se ouvem enquanto os personagens são mostrados fazendo justamente o contrário daquilo que estão falando, imagens de pessoas quietamente chocadas com o que está acontecendo num palco, essas coisas. Ainda não guardei o nome dos personagens, por isso os descrevo bem genericamente, da esquerda para a direita (hum, não sei bem a razão, mas acabei de ter a sensação de que alguém pode odiar mortalmente quando escuta alguém dizendo "da esquerda para a direita"; peço desculpas se estou causando esse ódio em alguém):

(i) o engenheiro ou arquiteto que trabalha no setor de planejamento de construção da prefeitura; vocês se lembram daquele sujeito de Gilmore Girls?

(ii) o assistente que não quer nada com o trabalho, de longe o melhor personagem; o nome desse ator é Aziz Ansari; ele apareceu naquela cena do Flight of the Conchords que eu postei aqui há algum tempo; em P&R ele é aquilo que você poderia chamar de redneck.

(iii) a loirinha é a Michael Scott da história, tão prolífica em atrapalhações quanto o original.

(iv) ah, Rashida Jones, Rashida Jones; este blog precisa de uma foto da Rashida Jones:

(aqui ela está arremedando o Jim, mas em P&R ele arranjou um bobão ainda maior)

(v) é o chefe; o sujeito que disse isso: "I hate bureaucracy. My idea of a perfect government is one guy who sits in a small room at a desk. And the only thing he is allowed to decide is who to nuke. The man is chosen based on some kind of I.Q test and maybe also a physical tournament, like a decathlon. And women are brought to him, maybe, when he desires them."

(vi) a estagiária; a personagem da série com vocação para ser o Creed da história; de três em três episódios, já posso prever, ela terá uma fala, e de seis em seis episódios ela fará alguma coisa muito engraçada.

(vii) o bobão.



A primeira temporada, de seis episódios, já acabou. Eu achei que ela foi perigosamente temática.

Bottoms Up - Erik MacArthur


Se é difícil acreditar que este é um filme do Jay e do Silent Bob, isso é porque este não é um filme do Jay e do Silent Bob. Em primeiro lugar porque não é com o Jason Lee, o que de cara faz aumentarem as suspeitas de que a coisa não será tão boa assim, quando não condena tudo logo de uma vez a um tremendo e incoercível fracasso. Mas não é só isso. Este não é um filme do Jay e do Silent Bob principalmente pelo fato de que eles não aparecem na história. O Jay (Jason Mewes) sequer usa um gorro e em momento algum dá soquinhos no ar, gritando "munchies, munchies!". E o Silent Bob de silencioso não tem nem o nome, muito menos o comportamento -- apesar da minúscula relevância do seu papel na história, num certo momento ele chega a discorrer, algo coerentemente, aliás, sobre uns alienígenas fabricando um coelho anão para infiltrá-lo nas pessoas (e é até aqui que vai a minha capacidade de amenizar o que ele disse por meio de eufemismos). Fora as outras inconsistências em matéria de filmes do Jay e do Silent Bob, como a da Paris Hilton sendo escolhida para fazer o papel da garota superficial por fora, mas cutely nerd no fundo. Essa inconsistência, meus amigos, os parcos talentos artísticos da guria não bastam para superar.

Jack Chiles, sim, Jack Chiles, o maior advogado de todos os tempos - no portfolio do qual está um Cosmo Kramer, por exemplo, com o seu caso contra uma coffee shop - está no filme. Ele é o repórter do Hollywood Scoop.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Movimento Seinfeld


Fui convidado, há algum tempo, para participar do Movimento Seinfeld – finalmente postando formalmente uma resenha sobre um assunto que eu já vinha tratando com a minha característica atenção exagerada em longos e frequentes comentários. Acabou de ser postado o pequeno texto que eu escrevi sobre The Truth, o segundo episódio da terceira temporada da série.

A organização do site está muito boa. Como eu pensei, ao responder o email de um dos criadores, foi a primeira vez que eu pisei fora do Blogger. E só posso dizer que o Wordpress parece mesmo fornecer um bocado de recursos altamente desejáveis e até mesmo úteis.

A organização do Movimento não é menos excelente. Vários fãs da série, a maioria blogueiros confirmados, atenderam ao chamamento e ótimas apresentações têm sido produzidas. Numa palavra, a coisa é um tributo seinfeldiano na forma de um hebdomadário virtual, multiautoral e interativo. Na ordem cronológica oficial, a cada semana uma pessoa fica responsável por postar a resenha de um episódio, junto com alguns dados da produção. Isso tudo sempre na quinta-feira.

O sistema de comentários fica aberto. Se vocês olharem para o que foi postado neste último mês vocês pensarão que eu abandonei lá o Movimento. Mas o que aconteceu não foi nada de tão trivial assim, como por exemplo seria alguma pessoa simplesmente deixar de comentar num blog que ela costumasse visitar sempre. O que aconteceu, eu digo, foi um verdadeiro desfavor dos céus, um golpe calamitoso em todos os sentidos, um desastre internacional: por algum motivo eu não estou encontrando os meus dvd’s no meio da minha bagunça. Isso é que tem me impedido de assistir regularmente aos últimos episódios e de comentar regularmente os posts.

Não irei me prolongar aqui. Aos que gostam da série, é claro, eu recomendo que passem a acompanhar o site. Tão veementemente eu recomendo que vocês passem a acompanhar o site, aliás, que eu vou até colocar o link na área de links que eu acabei de criar.

domingo, 14 de junho de 2009

A couple with lemonades*

* Do arquivo. 



-
Lady, may I warn you this is not quite a well-balanced ship? 
- Of course you can, my darling. You always do. I never get it, though. What does it mean?
- It means this ship may go over some turbulence. It is, after all, the ship of love. You should be prepared.
- Of love? What a queer thing! It gives me the creeps.
- Yes, ma'am. A queer thing, indeed.
- How come you let it come to this point, anyway? Didn't you see this all coming? Now, be honest, young man!
- Yes, sort of. But, as a matter of fact, there wasn't much that I could do about it.
- Oh, please. A gentleman always can pull some kind of arrangement to prevent a thing such as love from happening, cannot he?
- One would hardly deny that.
- Especially if he is the one to be in love!
- Once again, you are correct.
- I frankly thought you all would be kind enough to take care of whole deal, nowadays.
- I tried actually. But you have been rather a charming young lady, you know? It could not possibly be done by means of mere strength of will.
- I understand.
- It probably would take a couple of months in Fiji to forget all about it. An adventure with a yokel might just come in hand.
- Have you tried the business of boozing and gambling? They make men often forget their duties.
- I have.
- And the one of sporting like a daredevil?
- I have parachuted on mined grounds on a weekly basis all December, for that matter.
- Maybe you should have tried politics. I trust it makes one looses all of one's senses.
- With all due respect, ma'am, I believe loosing my senses was the problem to begin with.
- Perhaps. Let us just pretend you are right.
- Fine by me.
- So, shall we just get something absolutely clear: you are in love with me?
- Inevitably so, I fear.
- My Gosh! Do you think this is an awfully terrible thing?
- I find it natural. But one should always be cautious with nature.
- Well, I cannot say that I vehemently object your love, boy. Not at principle.
- How nice of you to say.
- But if a fellow is to be in love with me, he should at least have the decency of not making a regular obviousness out of it.
- I grant you that.
- And what is this turbulence of the ship of love balderdash, anyway? It seems disrespectful.
- Not at all disrespectful, miss, although it might be mildly unbecoming. You see, I sometimes express myself peculiarly.
- Are you talking about poetry, chap? I can stand poetry!
- That is fair enough. But can you stand prose? Can you even bear unfashionably dialogued prose?
- I might. Just for kicks. After all, I have apparently succeeded in surviving quite prosaic people all my life!
- Very well, then. You have got yourself a lover.
- Good heavens, I feel like a lemonade. Would you care to join me?
- But of course. 

Explicando o post acima e outros

Dessa vez eu encontrei realmente o arquivo completo de um arquivo que eu tinha. 

Os textos que eu publicarei aqui, aos poucos e sem nenhum critério, são de 2004 e 2005. Sem o capricho de querer deixar registrado exatamente o que eu estava pensando na época, e principalmente sem o capricho de querer deixar registrado o que eu estava pensando, exatamente na forma e com as palavras que na época eu usei, eu aviso que eu irei reescrever os textos quando eu achar que reescrever adiantará alguma coisa. 

Sixty Six - Paul Weiland


Como alguém que fez aniversário neste feriado, e que não menos do que das outras vezes viu o dia começar e terminar de forma supinamente trivial, posso dizer uma coisa: o prêmio de pior festa de aniversário - bar mitzvahs incluídos - vai mesmo para o rabino que teve que estrangular um nazista no seu dia especial.

Vou até colocar o vídeo neste post, não sem antes esclarecer que estou falando de uma excelente comédia; de um filme cujo grande pathos na vida do personagem principal é o de fazer a sua festa de aniversário no mesmo dia em que a Inglaterra está disputando a final da Copa do Mundo de 1966; okay, tem também aquela parte em que ele é filho de um sujeito completamente esquisito, irmão de um sujeito completamente impassível, aluno de um rabino completamente cego etc, etc.

Broadway Danny Rose - Woody Allen


Mia Farrow strikes again. Ô guria para se arrepender. Dessa vez ela se arrepende de arruinar a carreira que o Danny Rose estava querendo construir para ele como um empresário artístico respeitável. O que aconteceu foi que por causa dos estratagemas da Mia, o único dos clientes do Danny (Woody Allen) com algum potencial acaba pedindo demissão. E olha que nós estamos falando de um grosseirão has been dos anos 50, with a drinking problem.

Mas a Mia Farrow pagará um preço caro por ter feito o que ela fez. Tão caro, eu suponho, que qualquer pessoa que esteja planejando fazer uma coisa terrível, e que ao mesmo tempo seja ou possa se tornar personagem de um dos filmes do Woody Allen, qualquer pessoa nessa situação vai parar e refletir um pouco. Eu vou dizer, em resumo, qual foi esse preço que ela pagou e vocês me digam se foi ou não foi a pior coisa que alguém consegue pensar como podendo acontecer a uma pessoa arrependida. O que aconteceu com a Mia Farrow depois de liquidar a carreira do Danny Rose pode ser descrito da seguinte maneira: ela foi a um desfile de Thanksgiving, viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico e começou a chorar inexplicavelmente. Sim, eu vou repetir. Eu vou repetir para vocês verem como o "inexplicavelmente" faz parte do meu estilo. Então vejamos. Ela foi a um desfile de Thanksgiving -- sim, okay. E depois disso? Ah, depois disso ela viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico. Waaal, waaal. Mas eu entendi. Ela viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico. E daí? Daí ela começou a chorar, totalmente emocionada, transida mesmo de inquietação mental.

Então agora vocês sabem. Se alguém perguntar quem matou os cachorrinhos da Mia Farrow vocês podem responder com tranquilidade: Sammy Davis Jr.

domingo, 7 de junho de 2009

Shadows and Fog - Woody Allen


Eu sei qual é uma das vantagens de saber representar. Uma das coisas que você ganha por saber representar é a chance de fazer as caras que o Woody Allen faz quando ele consegue escapar de um maníaco homicida, entrando dentro de um espelho mágico junto com o Armstead, The Magician. São as caras mais engraçadas, mais inofensivamente idiotas. Se eu tivesse talento para transfigurar a minha expressão como eu bem entendesse, independentemente de uma eventual sensação real que eu pudesse estar experimentando, eu não tenho dúvidas de que eu imitaria o Kleinman. Mas como eu dependo de estar passando realmente pela situação para fazer a correspondente expressão com o rosto, no fundo eu deveria é agradecer por não precisar fazer a cara de alguém que esteja fugindo de um maníaco homicida e que apenas por alguns instantes tenha encontrado um refúgio seguro. 

Eu vou dizer outra coisa que eu sei, que é o problema de ser novo e de começar a assistir aos filmes do Woody Allen indo dos mais recentes para os mais antigos. O problema disso é que quanto mais você vai gostando do diretor, e mais vai procurando os filmes antigos, mais você vai encontrando no seu caminho uma pessoa chamada Mia Farrow. A uma certa altura da sua tarefa de assistir aos filmes do Woody Allen é simplesmente impossível você não se deparar com ela. Ela tem sempre o jeito de alguém que vai se arrepender de uma grande besteira que ela vai fazer. E ela realmente faz grandes besteiras das quais ela deveria mesmo se arrepender. 

Em Shadows and Fog, no entanto, quando você acha que todas as personagens erradas já apareceram - isto é, no primeiro instante depois que você olha para a cara da Mia Farrow -, eis que uma força insuperável te arrasta para o chão. A força de... Madonna. Ela aparece como uma das funcionárias do circo, se eu me lembro bem, o que constitui um duplo mau gosto. Outro dia eu vi um filme na locadora - eu já escrevi isso aqui?, se já, fica a ênfase -, outro dia, eu dizendo, eu vi um filme na locadora, um daqueles em que as pessoas colocam o depoimento de jornalistas como atrativos para consumidores indecisos. Como se três palavras talvez publicadas no L.A Times fossem resolver o assunto. Mas estava escrito na capa desse filme o que eu pensei que um jornalista tinha escrito. Estava escrito "Isso mexe comigo". Eu me lembro de pensar que era o argumento mais sórdido que alguém poderia conceber para popularizar um filme, principalmente vindo de um jornalista. Incrédulo, eu peguei a caixinha do dvd para ler aquilo direito. A crítica, eu descobri, era da Madonna. Eu juro que eu olhei para os lados, balançando afirmativamente a cabeça, um riso sardônico se abrindo no meu rosto e as minhas sobrancelhas se arqueando sugestivamente (um exemplo de uma situação extrema me obrigando a fazer uma cara engraçada, aliás). 

Things to Do in Denver When You're Dead - Gary Fleder


Pode Andy Garcia ser levado a sério em qualquer coisa que ele faça? Antes de responder a essa aparentemente inocente pergunta, pense bem nas consequências da sua resposta. Antes é melhor pensar bem na pergunta. Estou perguntando se o sujeito pode ser levado a sério, esse sujeito sendo... Andy Garcia. Eu não sei quanto a vocês, mas eu digo de poucas pessoas que elas podem ser levadas a sério. E quando eu digo isso, talvez até completamente estupidamente, significa que eu estou pronto para sustentar e defender praticamente qualquer coisa que a pessoa faça. Quando eu digo, sei lá, que Steve Buscemi pode ser levado a sério, significa que eu não vou sair negando isso ao aparecer o primeiro filme do Adam Sandler em que ele faça alguma ponta. Uma vez que a pessoa receba o certificado Neto Torcato de seriedade, não vai ser um papel idiota num filme idiota que vai quebrar a sua reputação. É por isso que nem morto eu vou dizer que Andy Garcia pode ser levado a sério. Mesmo com aquela história dele se opor muito seriamente ao Fidel e tal. 

Mas divago, porque ponderar se ele pode ser levado a sério ou não já é gastar uma quantidade absurda de energia mental com Andy Garcia. Andy Garcia não veio ao mundo para que as pessoas gastassem energia mental com ele. Ele veio ao mundo para que as pessoas o vissem, até mesmo contemplassem vagamente a sua pessoa, como se vê e se contempla uma caixa de fósforos num... no evento de uma aurora boreal acontecer em Macaé... na entrega do troféu de primeiro lugar no pódio das mais belas modelos do mundo...  não me ocorre agora alguma coisa que seja monstruosamente mais útil e mais merecedora de atenção do que uma caixa de fósforos, mas era com essa coisa que eu iria completar a comparação. 

Eu não acredito, em todo caso, que Trey Parker ainda não fez um episódio de South Park com o Andy Garcia aparecendo com aqueles ternos enormes, aquele cabelo impossível e um tanque de guerra surgindo do nada e o esmagando contra a parede. 

Eu falei do Steve Buscemi, né? 

sábado, 6 de junho de 2009

Larry David

Para começar o final de semana em que eu vou ficar esperando Whatever Works começar a passar em algum lugar.




2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8.

terça-feira, 2 de junho de 2009

In the Land of Women - Jon Kasdan

Tanta coisa acontece neste filme, mas tanta, que eu vou me dar por satisfeito com o fato de que não escolheram o Jim Levenstein para fazer o papel. 

sábado, 30 de maio de 2009

The Defense - Vladimir Nabokov

"The whole time, however, now feebly, now sharply, shadows of his real chess life would show through this dream and finally it broke through and it was simply night in the hotel, chess thoughts, chess insomnia and meditations on the drastic defense he had invented to counter Turati’s opening. He was wide-awake and his mind worked clearly, purged of all dross and aware that everything apart from chess was only an enchanting dream, in which, like the golden haze of the moon, the image of a sweet, clear-eyed maiden with bare arms dissolved and melted. The rays of his consciousness, which were wont to disperse when they came into contact with the incompletely intelligible world surrounding him, thereby losing one half of their force, had grown stronger and more concentrated now that this world had dissolved into a mirage and there was no longer any need to worry about it. Real life, chess life, was orderly, clear-cut, and rich in adventure, and Luzhin noted with pride how easy it was for him to reign in this life, and the way everything obeyed his will and bowed to his schemes. Some of his games at the Berlin tournament had been even then termed immortal by connoisseurs. He had won one after sacrificing in succession his Queen, a Rook and a Knight; in another he had placed a Pawn in such a dynamic position that it had acquired an absolutely monstrous force and had continued to grow and swell, balefully for his opponent, like a furuncle in the tenderest part of the board; and finally in third game, by means of an apparently absurd move that provoked a murmuring among the spectators, Luzhin constructed an elaborate trap for his opponent that the latter divined too late. In these games and in all the others that he played at this unforgettable tournament, he manifested a stunning clarity of thought, a merciless logic. But Turati also played brilliantly, Turati also scored point after point, somewhat hypnotizing his opponents with the boldness of his imagination and trusting too much, perhaps, to the chess luck that till now had never deserted him. His meeting with Luzhin was to decide who would get first prize and there were those who said that the limpidity and lightness of Luzhin’s thought would prevail over the Italian’s tumultuous fantasy, and there were those who forecast that the fiery, swift-swooping Turati would defeat the far-sighted Russian player. And the day of their meeting arrived." 

Sukiyaki Western Django - Sukiyaki Western Django

Parece que toda espécie de elogio, encomenda e dedicatória já foi feito a outras pessoas por aqueles indivíduos que criaram algum tipo de arte, de trabalho intelectual. Não consta que alguém já tenha dedicado a outrem a apreciação de algum um tipo de arte, de trabalho intelectual. Machado de Assis poderia ter colocado “A Carolina” na primeira página de Esaú e Jacó, não é assim? Mas alguém que lesse Esaú e Jacó – e que depois, naturalmente, postasse a respeito –, esse alguém poderia dizer que fez isso em honra dos seus pais? Você pega a dissertação de mestrado de alguém e lá você vai encontrar um cândido agradecimento a todos os funcionários da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Acre. Okay. Sem problemas. O que eu me pergunto é se seria possível – ou vamos esquecer possível, se seria qualquer coisa que não esquisito – alguém dizer que leu um texto de Durkheim como um gesto de sincero penhor e de humilde gratidão a todos os seus colegas de sala? Dificilmente. Eu dedico, em todo caso, os 96 minutos que eu passei assistindo a este filme

domingo, 24 de maio de 2009

Man cheng jin dai huang jin jia - Yimou Zhang


O excesso de intrigas palacianas me impediu de estar totalmente confortável ao assistir a este filme. Isso, e aquelas paredes de papel, ou sei lá o que era aquilo que ficava exclamando fragmentos de provérbios toda vez que dava a hora da imperatriz tomar o remédio. 

Em comparação com as batalhas do Clã das Adagas Voadoras, eu achei mais legal os guerreiros atacando do alto dos troncos de bambus do que quando eles se atiraram do penhasco com a ajuda de cordas. Se bem que o canyon que aparece na cena de perseguição equestre deste filme é mais legal do que a floresta lá daquele outro.

Lamento mesmo é não ter encontrado no Youtube a versão original de uma música chamada Gong Li, uma música do Red Hot Chili Peppers que eu acho que nunca entrou num cd oficial da banda. É uma das minhas músicas prediletas. Inútil, este blog. E eu pensava que a única vantagem deste blog era que ele era inútil. Mas quando eu quis que ele tivesse alguma utilidade, que ele pelo menos servisse para eu descobrir uma coisa importante, quando eu verifiquei que nem para isso ele serve, aí eu também fiquei triste. 

Como o orvalho que, caindo do céu, encontrasse o crisântemo já ressecado. 
 
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