quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Alô, Brasil: aqui tem educação *
sábado, 12 de dezembro de 2009
Em que se constata o desamparo
domingo, 29 de novembro de 2009
Dr. Katz, Professional Therapist
Assistir aos episódios de Dr. Katz me faz pensar no que pode haver de não supremamente engraçado em frequentar um terapeuta. Esse pensamento me invade com alguma força e vai se tornando cada mais poderoso e arrebatador à medida que a resposta se torna clara, definitiva e incoercível. E a resposta é: quase nada. Quase nada deixaria de ser supremamente engraçado em matéria de terapia, eu imagino, se eu fosse um paciente. Engraçado para mim, é claro. “Doutor, quando eu era criança os meus pais me deram a dose correta de atenção e disciplina. Doutor, eu comunico os meus pensamentos e o que eu sinto de maneira apropriada. Doutor, tudo que eu faço é geralmente aquilo que eu acho que eu deveria estar fazendo.”
Eu só consigo me persuadir em não contratar os serviços de um terapeuta quando eu começo a pensar nos profissionais que a comunidade médica brasileira provavelmente colocaria à minha disposição. E então o meu convencimento, que antes poderia ser descrito como uma inclinação totalmente favorável a fazer terapia, se consolida numa terminante rejeição.
Um pouco de franqueza. Vamos imaginar que a minha terapeuta seja uma mulher. Pergunta: quanto da sua ciência terá sido adquirida em livros e quanto do que ela acha da vida ela não terá aprendido nas novelas do Manoel Carlos? E se for um homem? Dada a hipótese extrema dele não ter sido um idiota do movimento estudantil comunista, inevitavelmente boa parte das suas preocupações será com o resultado do jogo do, sei lá, Grêmio com o Brasiliense – se não as duas coisas.
Mas este post é para falar de Dr. Katz. A série é um pouco antiga. Começou em 1995 e terminou em 1999. Eu acompanhava apenas esporadicamente quando ela passava no Multishow. Há pouco tempo eu baixei todos os episódios e agora eu estou vendo um por um.
Mas eu preciso confessar que, por circunstâncias absolutamente peculiares da minha agenda, eu só costumo assistir a esses episódios depois de acabar uma rotina extenuante, quando eu já estou bem cansado. Eu só consigo ver, ainda no pleno domínio do meu cérebro, no máximo uns dois episódios. Depois disso eu já começo a dormir e acordar, a dormir e acordar. Isso é massa porque eu fico com uns fragmentos dos diálogos na minha memória e quando eu coloco novamente o episódio para passar, já no outro dia, eu vou vagamente me lembrando do que eles disseram, mas com a sensação de que eu estou, na verdade, descobrindo antecipadamente o que eles vão falar.
Na foto, o Dr. Katz está sentado na sua poltrona. O guri é o Ben, filho do Dr. Katz, cuja filosofia de vida é a de if you do nothing enough, then something is bound to happen. À esquerda, a adorável e inatingível Laura, assistente administrativa no consultório dele. Ela é completamente impaciente e distante, mas nunca ríspida e descortês, na minha opinião, com o povo que está aguardando a consulta ou mesmo com o Ben - ainda que por ofício, ela sempre atende aos telefonemas diários do Ben, o que é sempre mais do que se pode falar de maioria.segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Uma foto
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Antichrist - Lars von Trier
domingo, 13 de setembro de 2009
Up - Pete Docter e Bob Peterson
sábado, 12 de setembro de 2009
Seven pounds - Gabriele Muccino
domingo, 30 de agosto de 2009
Never Give In! - The challenging words of Winston Churchill with an introductory essay by Dwight D. Eisenhower
sábado, 15 de agosto de 2009
Tricky drink
Sábado à noite. Sozinho no seu quarto um jovem tem nas suas mãos um drink para obnubilar a tristeza que o abate. Se rios fossem de beber, ele seria um pato mergulhador. Ele sorve a última gota, insatisfeito. Seus olhos distraídos e medrosos giram pelos cantos em busca de respostas. Passam pela janela, pelo teto, pelos objetos espalhados no chão. Por providência eles param no drink, naquele último refúgio conhecido. Demoram-se um pouco ali, recatados e imóveis. Não tem como saber quanto tempo se passa assim. Saindo do estupor paralisante, no entanto, aos poucos uma súbita sensação de atividade cerebral vai tomando conta dele, como se finalmente ele tivesse reatado com o mundo uma relação de interferência recíproca, mínima que fosse. Encabula-se, por fim. Atrás da caixinha de Toddynho que ele estava tomando, cáustico como a própria bebida, depara-se com isto: “DESEMBARALHE AS LETRAS e descubra quem é que mais precisa que você jogue lixo no lixo”. Ele processa. Aquilo era uma pergunta? Por Deus, o que ele faria com mais uma pergunta? O que mais uma pergunta adiantaria a ele? Não, aquilo não era exatamente uma pergunta. Era uma afirmação indagativa. Uma funesta afirmação indagativa. Alguém precisa, parece, que se jogue lixo no lixo, alguém que pode ser descoberto pelos consumidores de Toddynho. Ele processa. Desviando-se, pensa como é que alguém pode dizer que alguma coisa é lixo antes que essa coisa de fato esteja no lixo. E pensa para quê alguém precisa chamar de lixo alguma coisa que já esteja no lixo. Ele processa que aquelas eram outras perguntas e que para o momento o que ele precisava era de respostas. Disposto a desvendar aquele mistério apresentado pela indústria de laticínios ele então tenta desembaralhar as letras e identificar aquele que mais precisa que se jogue lixo no lixo. O que se mostra tricky. As letras embaralhadas não estão exatamente dispersas pela embalagem, mas, ao fundo, a imagem de um globo terrestre e de uma caixinha de toddynho, viva, atirando uma bolinha de papel numa cesta azul, confundem. “aetnpla raTer”. Alguém precisa que se jogue lixo no lixo e para saber quem você precisa desembaralhar as letras “aetnpla raTer”. Tricky.
sábado, 1 de agosto de 2009
O que é e o que deveria ser
domingo, 19 de julho de 2009
Modest Mouse
Spitting Venom, por falar em finais memoráveis, é uma das minhas músicas prediletas. Ao vivo chega a ser uma música completamente diferente da versão de estúdio, é claro -- é muito boa, mesmo assim.
Baby Blue Sedan, pelas minhas razões e numa montagem realmente excelente.
Não é por nada que Modest Mouse está na primeira colocação na minha lista do Last.fm. E não é por nada que a banda é uma das mais escutadas.
O final desta música - The World at Large, a partir de 4:22 - me faz pensar naquelas cenas em que os personagens do David Lynch estão despertando de um sonho escabroso, ainda sem saber que eles já acordaram e ainda sem saber o quão escabroso foi o sonho que eles acabaram de ter. Essa montagem é também do povo da internet.
Terminando, Other People's Lives.
domingo, 12 de julho de 2009
The Curious Case of Benjamin Button - David Fincher
sábado, 11 de julho de 2009
Luis Guzmán*
*Do arquivo.
Só serve para filmes de vasto elenco, em que a sociedade americana, de uma forma ou de outra, deve ser apresentada como um mosaico cujo conteúdo é um bocado de gente perturbada que diz I don´t give a fuck, porque isso soa bem e expressa bem. Mas como serve. Ele consegue sair do modelinho do latino yo man. Às vezes ele é engraçado, às vezes mau. É um dos meus atores prediletos. Se a trama envolve muitos personagens irrelevantes, Luis Guzmán pode ser um deles.
N´O Juri, ele é um dos doze jurados. Em Tratamento de Choque, ele é um dos pacientes de Jack Nicholson. No Conde de Monte Cristo, ele é dos trezentos piratas e acaba virando lacaio de Jim Cavieziel. Consultando aqui sua filmografia, constato que em alguns filmes ele representou a ele mesmo. Ah, como eu queria me lembrar, com detalhes, de Crocodilo Dundee II ou daquele em que o George Clooney fica dentro do porta malas com a Jennifer Lopez. Até Magnólia. Ou mesmo Oz (...), Oz (...) Oz! Boggie Nights... Há filmes mais celebrados, como o Coletor de Ossos e Traffic. Parece que houve até uma série, da qual nunca eu ouvi falar. Uma pena mesmo. Em algumas produções e em cenas excluídas de dvd ele aperece uncredited -- e essa é a minha definição de injustiça.
Clark and Michael
segunda-feira, 6 de julho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
I don't know if this is premature of me to say...
... but I think it’s time we ask ourselves what the hell Celine meant when she wrote that song saying that she had heard rumors about Jesse, about the bad things he did. What did she have in mind when she said that? Let us just remember that she was the one who didn’t show up at the train station. Could those rumors be the ones she read at the newspaper, about Jesse having a wife and a kid? I don't think so. Those were not rumors, let alone bad rumors. I have thought about this and my one theory is that what she was kidding about, when Jesse asked her if she dropped any name of a guy in middle of the song, my theory is that that was true. She did sing that song for any guy who would come up to her place. "Island of rain” is another piece of the lyrics which remains to be explained. And don’t give me that “island of rain” means
Gegen die Wand - Fatih Akin
Falstaff - Orson Welles
domingo, 28 de junho de 2009
Cowboy Bebop
sábado, 27 de junho de 2009
High Noon - Fred Zinnemann
domingo, 21 de junho de 2009
Paks and Recreation
Bottoms Up - Erik MacArthur
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Movimento Seinfeld
Fui convidado, há algum tempo, para participar do Movimento Seinfeld – finalmente postando formalmente uma resenha sobre um assunto que eu já vinha tratando com a minha característica atenção exagerada em longos e frequentes comentários. Acabou de ser postado lá o pequeno texto que eu escrevi sobre The Truth, o segundo episódio da terceira temporada da série.
domingo, 14 de junho de 2009
A couple with lemonades*
Explicando o post acima e outros
Sixty Six - Paul Weiland
Como alguém que fez aniversário neste feriado, e que não menos do que das outras vezes viu o dia começar e terminar de forma supinamente trivial, posso dizer uma coisa: o prêmio de pior festa de aniversário - bar mitzvahs incluídos - vai mesmo para o rabino que teve que estrangular um nazista no seu dia especial.
Vou até colocar o vídeo neste post, não sem antes esclarecer que estou falando de uma excelente comédia; de um filme cujo grande pathos na vida do personagem principal é o de fazer a sua festa de aniversário no mesmo dia em que a Inglaterra está disputando a final da Copa do Mundo de 1966; okay, tem também aquela parte em que ele é filho de um sujeito completamente esquisito, irmão de um sujeito completamente impassível, aluno de um rabino completamente cego etc, etc.
Broadway Danny Rose - Woody Allen
Mia Farrow strikes again. Ô guria para se arrepender. Dessa vez ela se arrepende de arruinar a carreira que o Danny Rose estava querendo construir para ele como um empresário artístico respeitável. O que aconteceu foi que por causa dos estratagemas da Mia, o único dos clientes do Danny (Woody Allen) com algum potencial acaba pedindo demissão. E olha que nós estamos falando de um grosseirão has been dos anos 50, with a drinking problem.
Mas a Mia Farrow pagará um preço caro por ter feito o que ela fez. Tão caro, eu suponho, que qualquer pessoa que esteja planejando fazer uma coisa terrível, e que ao mesmo tempo seja ou possa se tornar personagem de um dos filmes do Woody Allen, qualquer pessoa nessa situação vai parar e refletir um pouco. Eu vou dizer, em resumo, qual foi esse preço que ela pagou e vocês me digam se foi ou não foi a pior coisa que alguém consegue pensar como podendo acontecer a uma pessoa arrependida. O que aconteceu com a Mia Farrow depois de liquidar a carreira do Danny Rose pode ser descrito da seguinte maneira: ela foi a um desfile de Thanksgiving, viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico e começou a chorar inexplicavelmente. Sim, eu vou repetir. Eu vou repetir para vocês verem como o "inexplicavelmente" faz parte do meu estilo. Então vejamos. Ela foi a um desfile de Thanksgiving -- sim, okay. E depois disso? Ah, depois disso ela viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico. Waaal, waaal. Mas eu entendi. Ela viu o Sammy Davis Jr. passando num carro alegórico. E daí? Daí ela começou a chorar, totalmente emocionada, transida mesmo de inquietação mental.
Então agora vocês sabem. Se alguém perguntar quem matou os cachorrinhos da Mia Farrow vocês podem responder com tranquilidade: Sammy Davis Jr.
domingo, 7 de junho de 2009
Shadows and Fog - Woody Allen
Things to Do in Denver When You're Dead - Gary Fleder
sábado, 6 de junho de 2009
Larry David
terça-feira, 2 de junho de 2009
In the Land of Women - Jon Kasdan
sábado, 30 de maio de 2009
The Defense - Vladimir Nabokov
"The whole time, however, now feebly, now sharply, shadows of his real chess life would show through this dream and finally it broke through and it was simply night in the hotel, chess thoughts, chess insomnia and meditations on the drastic defense he had invented to counter Turati’s opening. He was wide-awake and his mind worked clearly, purged of all dross and aware that everything apart from chess was only an enchanting dream, in which, like the golden haze of the moon, the image of a sweet, clear-eyed maiden with bare arms dissolved and melted. The rays of his consciousness, which were wont to disperse when they came into contact with the incompletely intelligible world surrounding him, thereby losing one half of their force, had grown stronger and more concentrated now that this world had dissolved into a mirage and there was no longer any need to worry about it. Real life, chess life, was orderly, clear-cut, and rich in adventure, and Luzhin noted with pride how easy it was for him to reign in this life, and the way everything obeyed his will and bowed to his schemes. Some of his games at the
Sukiyaki Western Django - Sukiyaki Western Django
Parece que toda espécie de elogio, encomenda e dedicatória já foi feito a outras pessoas por aqueles indivíduos que criaram algum tipo de arte, de trabalho intelectual. Não consta que alguém já tenha dedicado a outrem a apreciação de algum um tipo de arte, de trabalho intelectual. Machado de Assis poderia ter colocado “A Carolina” na primeira página de Esaú e Jacó, não é assim? Mas alguém que lesse Esaú e Jacó – e que depois, naturalmente, postasse a respeito –, esse alguém poderia dizer que fez isso em honra dos seus pais? Você pega a dissertação de mestrado de alguém e lá você vai encontrar um cândido agradecimento a todos os funcionários da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Acre. Okay. Sem problemas. O que eu me pergunto é se seria possível – ou vamos esquecer possível, se seria qualquer coisa que não esquisito – alguém dizer que leu um texto de Durkheim como um gesto de sincero penhor e de humilde gratidão a todos os seus colegas de sala? Dificilmente. Eu dedico, em todo caso, os 96 minutos que eu passei assistindo a este filme.