Desde os meus 14 anos eu já devo ter lido este livro umas dez vezes. Daí para mais. Recentemente eu conversei com uma pessoa que me disse buscar na literatura e nos filmes e nos seriados alguma coisa com que ela pudesse se identificar; isso, se eu me lembro bem, como um meio de se conhecer melhor. Eu sempre encarei essas mesmas distrações do espírito daquele jeito mais ingênuo e trivial, como puras distrações. Até como mecanismo de oblívio, para ser franco. E eu volto ao ponto inicialmente sugerido, o de que esse possivelmente é o livro com o qual eu estou mais familiarizado, porque eu não teria como deixar de notar que Brás Cubas é um personagem especial para mim.Mas tirando algumas coincidências de biografia, digamos assim, que eu costumo mencionar numa conversa ou outra, e algumas passagens do estilo, que poucas pessoas ordinariamente criticam, eu não saberia dizer o que é no Brás Cubas que me dá essa tranquilidade toda. Eu gostaria muito de poder dizer que o Brasinho representa uma mínima parcela a que nenhum brasileiro, por mais desprendido que seja do Brasil, conseguiria renunciar da sua própria personalidade. Isso, no entanto, seria falso; e, o que é pior, generoso demais com os brasileiros. Talvez ele não represente a mínima parcela da personalidade a que nenhum brasileiro conseguirá renunciar, por mais desprendido que seja do Brasil, mas a máxima representação dos brasileiros mais desprendidos. Um brasileiro autenticamente desprendido, em todo caso, poderia querer não perder tempo com ele e nem como ele.
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