Tentarei falar sobre o final sem detalhar a trama, o que talvez eu consiga fazer dizendo que o final do filme é, sobretudo, a imagem indiciária da brutalidade pura e simples. E um artista pegando um objeto qualquer e o apresentando num contexto artístico, por mais estúpido que isso normalmente seja, pode surtir um belo efeito. No caso, a atrocidade representada pelo objeto é tornada ainda mais atroz pelo número e pelo fato de que se você parar e pensar você vai encontrar milhões de boas razões para que aquilo não acontecesse.
Saí do cinema pensando que eu deveria ter me informado melhor sobre o filme antes de separar uma tarde da minha vida para assisti-lo. Não foi nada frívola e transitória, essa parte. Mas já que é possível não ser sombrio o tempo todo, se me consultassem para inventar um outro título para o filme, eu sugeriria O Menino do Pescoço Tombado, que foi muito se o Shmuel tiver levantado o pescoço duas vezes em todas as entrevistas que ele teve com o seu amigo. O resto do tempo ele ficava olhando para o chão, com pequenos gestos de conformismo declarando que a vida no campo de concentração não é lá grandes coisas. Esquecendo um pouco que nós estamos falando de uma criança de oito anos numa droga de campo de concentração, fica a graça humana, eu acho.
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