domingo, 26 de fevereiro de 2012

Medianeras - Gustavo Taretto

Eu suprimi um parágrafo inteiro em que eu escrevia sobre a palavra "paradoxal" constar do roteiro desse filme -- um tanto assombrosamente, aparecendo num dos voiceovers, agora não me lembro se da guria ou se do cara. Quando eu reli o que eu tinha escrito, a impressão que eu tive foi a de que eu estava cometendo exatamente o mesmo erro que eu estava querendo criticar no roteirista: o erro de fazer qualquer coisa ligada ao gênero das comédias românticas de um jeito que não se poderia imaginar Billy Crystal, sozinho pelas ruas de Manhattan na noite do Ano Novo, fazendo ou pensando. De modo que fica o registro da ideia abortada e do meu acesso de tentativa de honestidade intelectual.

De todo jeito, se ficou a sugestão vaga de que o filme é culpado por elevar demais os pensamentos dos seus personagens, numa forma que chega a ser risível para a trivialidade da situação em que eles se encontram, também um grandíssimo tributo tem que ser prestado aqui no que diz respeito à verossimilhança atroz com que um determinado pedaço da realidade é mostrado. Estou falando da perfeição com que as telas dos computadores são retratadas. Aqui eu ofereço as minhas palmas para a produção. Eu acho que eu nunca tinha visto um filme mostrando uma tela de computador tal como ela ordinariamente se apresenta na natureza. Uma coisa tão improblemática de ser feita que, até onde vai o meu conhecimento, por algum motivo vinha sendo evitada a todo custo pela indústria e pelas partes interessadas.

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