domingo, 4 de abril de 2010

The Hobbit - J. R. R. Tolkien


Eu posso ter entrado perigosamente no clube dos habituados a tirar fotos com a preocupação de como a luz vai afetar o resultado. Ouço dizer que esse é um caminho sem volta, mesmo para aqueles que, como eu, só por acidente tenham ido parar nessa portinha de madeira encardida, escondida atrás de um latão de lixo, num beco escuro de um bairro de má reputação na cidade. Mas tento a absolvição e me explico. Eu tirei essa foto um pouco sem querer. Estava tentando destravar o celular e acabei apertando antes do planejado o botão que eu deveria ter apertado para tirar a foto. De modo que essas luzes vindo da esquerda e que invadem a ilustração da capa não saíram do cajado mágico do Gandalf; é só o sol. E aqueles pés-de-pato, em cima, não são de um mergulhador esportista sendo sugado para dentro do livro pelo exército de orcs; é só o marcador da 55ª feira do livro de Porto Alegre que eu ganhei de brinde.

Sobre o livro, não posso dizer o quão feliz eu estou de ter começado a saga pelo início. Já lendo agora o Senhor dos Anéis, percebo que a história de Bilbo Bolseiro, objeto d'O Hobbit, esclarece um bocado de circunstâncias peculiares à Terra Média. Quem já viu o filme, ou de alguma forma conhece AD&D e quejandos, reconhecerá o ambiente e não irá se surpreender com elfos se destacando como arqueiros. Quem quiser detalhes, no entanto, terá que recorrer a este primeiro livro.

Embora se trate de uma tradução, acho que injustiças cabais não foram feitas ao estilo do Tolkien. Talento literário, afinal, é outra coisa. Frases bem colocadas, parágrafos limpos e densos, prerrogativa de poucos. O que eu mais tenho admirado em escritores ultimamente é a noção perfeita de quando eles precisam interromper uma descrição e lançar alguma coisa, por simples que seja, no discurso direto. E nesse ponto Tolkien verdadeiramente excele, seja com Bilbo pensando na sua toca e nos seus dois cafés-da-manhã, seja com um dos anões querendo continuar com a caminhada pela Floresta das Trevas. Sempre alguém aparece para dizer exatamente aquilo que você, como leitor, meio que imaginava que deveria ser dito, mas que não conseguiria imaginar sendo dito, se assim não lhe contassem.

No enredo, Bilbo Bolseiro, ancestral não tão distante do Frodo, tem contada a história de como ele obteve para si o Um Anel. Foi bem casualmente, aliás, e no meio de uma aventura que, enquanto acontecia, preocupou muito mais o bom hobbit do que o anel. Ele tinha saído numa expedição de anões para recuperar o tesouro guardado por Smaug, um terrível e poderoso dragão. Separado de seus amigos quando de uma perseguição de orcs, Bilbo se viu arrastado para uma fossa subterrânea e foi lá, na escuridão, que as suas mãos tatearam o precioso anel.

O livro, segundo leio, foi um presente para os filhos do autor.

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