domingo, 4 de abril de 2010

Paper Heart - Nicholas Jasenovec

Um post inteiro sem conteúdo, sem opiniões minhas. Literalmente, uma sequência de palavras que não fazem sentido e que foram escritas apenas para ocupar espaço na tela.



Como o Jack Nicholson reclamando da vida para o seu vizinho, às três da madrugada - é como eu estou tratando este blog. Fico em silêncio, ou numa leve hostilidade por uns tempos, e depois eu venho aqui, sento-me nesta cadeira e menciono algumas incoerências sobre a vida. Daí eu saio dizendo que foi bom ter postado e tal, da mesma forma que o Melvin Udall faz, também sob a firme crença de que atos mais expansivos e elucidativos de comunicação não seriam possíveis nem em tese.

E o pior é que, pelo menos em relação às coisas que eu costumo postar aqui, material não me tem faltado ultimamente. Depois de um longo período de escassa disponibilidade de tempo, estou em vias de reconquistar um certo ponto de equilíbrio ótimo entre as forças blogueirísticas e as forças mundanas que me movem no globo.

Eu tinha escrito um parágrafo sobre como Michael Cera e Charlyne Yi mereciam um ataque frontal por este raio de filme. Relendo-o, percebi mais uma vez a minha tendência a odiar atores pelos personagens que eles representam, e a odiar personagens me esquecendo das pessoas que os criaram. Então eu acho que a grande reclamação que eu teria a fazer aqui deveria ser contra o diretor, que foi também o roteirista da história, e foi por essa razão que eu retirei deste post o tal parágrafo, onde se poderia ler, só para que se tenha uma ideia, a seguinte passagem:

"Então temos como estabelecida a circunstância de que esse conjunto de trejeitos que o Michael Cera repetidamente exibe, tão bem evidenciada nas roupas que ele usa, não o torna propriamente um idiota, embora esse mesmo conjunto seja ridículo para supostamente demonstrar que ele não seja exatamente um."

Só que reclamar contra roteiristas e diretores, como todo mundo sabe, e contra roteiristas/diretores, em especial, é uma negócio para profissionais da crítica. É preciso que se desvendem primeiro quais eram as intenções da obra para depois examinar com qual grau de sucesso essas intenções foram realizadas. Tudo isso dá muito trabalho, é claro, mesmo naqueles casos, como parece ser o deste Paper Heart, em que as intenções não sejam muitas, nem de difícil anúncio. Quer dizer, sendo um filme selecionado para passar no Festival de Sundance, acho que podemos considerar a sua intenção de destruir a civilização ocidental como sendo flagrante demais para não ser notada e o seu grau de sucesso como sendo apenas moderadamente preocupante, tudo isso para, deixando de lado essa questão, passarmos a examinar o que mais escorre dessa ferida purulenta que é Paper Heart.

O que vem a ser o seguinte: se você é um divorciado de 50 e tantos anos que só se casou quando tinha passado dos 40, e tem, paralelamente, uma sala de sinuca na sua casa com umas cabeças de animais penduradas na parede, então você está gabaritado para falar sobre o que é o amor de verdade a uma guria enjeitada; se você tem 70 anos de idade e é incapaz de se comunicar quando a sua esposa está na sala, tão controladora e bobinha-querendo-atenção-o-tempo-todo que ela é, então, meu amigo, só você pode dizer o que é o amor de verdade a uma guria enjeitada; se você é uma criança brincando num parquinho, então o que você tem a falar sobre o amor de verdade é certamente tudo aquilo que uma guria enjeitada poderia querer saber sobre o assunto.

Esses exemplos só serão compreendidos por quem viu o filme, eu imagino, e eu, aqui, nem facilitei a vida das pessoas que ainda não fizeram isso e que portanto não sabem que a coisa toda é um documentário em que a Charlyne sai em busca de demonstrações de amor, porque ela mesma não acredita e não sabe como sentir amor na sua própria existência. Mesmo assim eu os deixo aí, como uma preparação para quem ainda vai assistir/lembrança para que já assistiu.

3 comentários:

Neto Torcato disse...

Vou até comentar aqui, que eu acabei de me lembrar que a coisa mais sem sentido que eu já fiz na minha vida não foi este post. A coisa mais insensata, idiota e injustificada que eu já fiz na minha vida foi entrar no bate papo do site do Red Hot Chili Peppers, mais ou em menos em 98/99, e tentar fazer as pessoas acreditarem que estava tendo um tiroteio perto da minha casa.

Renata P. disse...

Ei, moço! Acabou que não te escrevi - sorry sorry sorry. Resolvi entrar aqui e vi que você escreveu sobre esse filme: tava tentando lembrar o nome dele a semana toda pra poder baixar, e agora reconheci :P

Saudade!
Beijo,

Neto Torcato disse...

Foi um filme que mais uma vez me fez ter a vontade de enunciar os parâmetros de uma classificação nova para mim. Mais ou menos assim: filmes que deveremos assistir, mesmo para não gostar exatamente, ou até para majoritariamente desgostar. Acho que deve ser visto, em todo caso. Saudações, saudações.

 
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