quinta-feira, 22 de abril de 2010

A serious man - Ethan Coen & Joel Coen


Quando o Rabino Marshak, o mais sábio dentre aqueles que poderiam solucionar as aflições intermináveis do Prof. Gopnik, se recusa a recebê-lo, ao pretexto de estar ocupado pensando, e no fundo de uma ampla sala ele aparece na imagem de um decrépito homem barbudo, sentado imóvel, confesso que eu perdi as esperanças de ouvir a voz do eminente senhor. Pensei que o Prof. Gopnik iria sucumbir finalmente a todas as suas infelicidades sem nem saber de onde estavam atirando e que o máximo de sabedoria judaica que eu iria extrair desse filme seria o "dá uma olhada neste estacionamento" que o rabino júnior -- este sujeito do The Big Bang Theory -- muito comicamente sugeriu. Aconselhar garotos que tinham acabado de completar treze anos era a única atividade não puramente contemplativa do Rabino, a concessão maior que ele fazia aos congregados e que, ainda assim, era feita com pouquíssima desenvoltura. Nada de receber o Prof. Gopnik para falar do fracasso do seu casamento, das ameaças à sua estabilidade profissional, da loucura enervante do seu irmão ou simplesmente do mau relacionamento com o seu vizinho. Eu não fiquei decepcionado, de toda maneira, quando, mais tarde, o Rabino Marshak apareceu para dar conselhos ao filho do Prof. Gopnik, citando "when the truth is found to be lies and all the joy within you dies...". E mandando, também, que o guri fosse "a good boy". Me lembrei, é claro, do Jim Carey em The Cable Guy, e sorri candidamente.

No mais, gostei muito de algumas passagens. Uma foi o pai do aluno coreano que tenta subornar o Prof. Gopnik, dizendo que o seu filho ter deixado um pacote de dinheiro na mesa do professor não foi um suborno, foi só um confronto cultural. Outra foi o rabino perguntando quem se importava com o sujeito em cujos dentes apareceu uma inscrição íidiche, ele próprio um paciente não judeu de um dentista judeu. Ou então Arthur, irmão do Professor, dizendo que ele iria sair do banheiro... num minuto. Logo no início tem uma bem simples, mas muito eficiente como comédia: um velho professor examina o pequeno rádio que o filho do professor escamoteava na aula na escola hebraica, como se poderia esperar de um mergulhador da Petrobrás examinando diferentes peças de seda de diferentes épocas do império chinês.


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