sábado, 30 de outubro de 2010

Cemetery Junction - Ricky Gervais & Stephen Merchant



Senhoras e senhores, é com profunda tristeza que eu lhes anuncio a minha profunda tristeza. Dizem que falar mal de uma coisa é divertido, sobretudo se a apropriada dosagem de leviandade for observada na crítica e se a proporção da virulência dos ataques for inversa à capacidade do agressor em fazer alguma coisa melhor. Esse post, pensando assim, deveria ser como uma fonte inesgotável de alegria para mim. Mas a verdade é que não é. Ele chega a ser doloroso, aliás. Embora a minha inépcia em escrever, dirigir e produzir um filme com a mesma qualidade de Cemetery Junction seja vastamente reconhecida -- e isso pudesse me trazer algum laivo de divertimento -- , não me deixa de maneira alguma contente o fato de que, se eu tiver mesmo que opinar sobre este filme, o meu veredicto tenha de ser tão desfavorável. É claro que neste inútil blog eu não tenho que opinar sobre qualquer coisa. E é claro também que eu não precisava dar esse pequeno chilique para dizer que eu não gostei do raio do filme. Mas se eu não escrevesse sobre o assunto, na cabeça de alguém poderia ficar o pensamento de que talvez eu tivesse, sim, visto o filme e talvez eu tivesse, sim, gostado. Afinal, não foram poucos os elogios que eu já coloquei aqui ao Gervais e ao Merchant. Por pura esquisitice, no entanto, eu gostaria de afirmar bastante claramente que outras coisas desses dois podem ser soberbas, mas que, na minha opinião, Cemetery Junction é tão ruim quanto as vidas patéticas que são retratadas na história. Ricky Gervais e Stephen Merchant, sabemos, já produziram alguns dos melhores momentos de comédia que eu já vi. Nesse filme eles erraram. Artistas tão genuinamente engraçados como eles não poderiam, como fizeram, prescindir tão completamente de um elemento cômico, numa obra que dura uma hora e meia. Por mais que eles não tenham desejado fazer uma comédia, a frustração que esse filme sem graça produz nos fãs é tão grande que não poderia jamais ser ignorada. Querem se livrar do estigma de palhaços e explorar áreas mais dramáticas da psicologia humana, enquanto permitem que todas as nostalgias que vocês têm de uma adolescência conflituosa sejam exorcizadas artisticamente? Assistam Stand by me, my jolly good friends. Vocês e eles dois.

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