domingo, 2 de maio de 2010

A Sociedade do Anel - J.R.R Tolkien/Peter Jackson

Ouço dizer, da boca de dois amigos que já leram o livro, que não é regra absoluta a pessoa tentar encontrar um ritmo para cantar as antigas canções que aparecem em verso. Eu não poderia ter ficado mais espantado com essa afirmação, pois achava que era justamente esta a coisa que me aproximava de todos os leitores que pelos tempos conheceram o livro: ficarmos, um pouco bobos, nos divertindo com as nossas tentativas de cantar as palavras numa determinada ordem musical que fosse correta e agradável aos ouvidos, como deve ser uma boa composição. Mas não. Eles me juraram que eles nunca tinham feito aquilo, quando eu perguntei se eles também ficavam quebrando a cabeça para encaixar as palavras numa melodia imaginária. Sustentaram que eu devo ser uma das poucas pessoas na história que se ocuparam disso, esquecendo-se até mesmo de ninguém menos que Peter Jackson, que colocou no filme uma cantoria etilicamente movida (logo no início, ainda no Condado), além de umas lamúrias cantaroladas ao redor da fogueira (Passolargo, sobre a guria que abandonou a imortalidade élfica pelo amor de um homem).

Tão irredutíveis eles se mostraram nesse ponto, vejam, que eu nem perguntei se eles não se imaginavam segurando enormes copos de cerveja, em tavernas pouco sanitárias e em madeiras lascadas, a gritaria geral desorganizada convergindo para um refrão conhecido toda vez que eu me levanto e, no limite da minha voz, faço uma exortação para que uma passagem já mil vezes repetida naquela noite seja mais uma vez repetida. E nego que estou severamente alcoolizado gritando ainda mais alto, e fazendo movimentos de regência com as minhas mãos, esvaziando o copo na minha boca. E digo familiarmente ao dono da taverna para trazer mais uma garrafa, antes de cair, ridículo, no chão.

Mais ou menos o que acontece no próprio filme, numa palavra. O que me fez lembrar deste antigo post do Pedro Sette-Câmara, que deixo como a explicação do enredo:


Samba-enredo do Senhor dos Anéis (seguindo a maneira de cantar dos puxadores, o leitor deve desconsiderar várias elisões)


Olha a União do Condado aí gente! Chora cavaco! Alô Terra Média!

Foi no reino de Mordor
que Sauron criou o anel
que espalhou tamanha dor
antes de se perder
Mas um dia – mas, um dia! –
quem não queria aventura
só viver na fantasia
conheceu toda a loucura
do anel e seu poder

Frodo (Frodo!)
Era um hobbit fascinante
de um paraíso distante
cheio de alegria e amor
Um belo dia descobriu
aquele anel do tio Bilbo
e foi assim que tudo começou

Refrão 2x

Vou salvar o mundo, eu vou
Acabar com o reino de Mordor
Destruir os orcs, sem temor
Agora a aventura me encontrou

Aragorn é cavaleiro
Grande rei da raça humana
Legolas, o elfo arqueiro
Sempre com tiros certeiros
Traço do povo imortal
Gimli é seu forte companheiro
Um anão nada ligeiro
Mas com poder descomunal

Uma sombra segue os hobbits
Como eles foi um dia
Será Gollum, será Sméagol
Mas o nome não importa
A criatura horripilante
Completamente delirante
Somente pensa no anel

Refrão ad nauseam


E já que eu não vou escrever qualquer coisa sobre a própria história, ou sobre a minha experiência mística lendo o livro, ou sobre a grande admiração que eu consolidei pelo estilo do Tolkien, fica mais um conhecido link de zombaria:





***




Terminei de ler o livro para rever o filme. Rever, em geral; e assistir pela primeira vez às cenas que fazem parte da versão estendida, a qual baixei, pela bagatela de 7 giga, na versão 1080 de resolução. Constatei que essa resolução, mesmo numa televisão moderna, pouca diferença faz para um filme que, acho, originalmente não foi filmado no padrão atual. A diferença que eu percebi foi tão insignificante, na verdade, que as duas outras partes da trilogia eu baixei no primeiro formato que eu encontrei: o bom e velho DVDRip de confiança.

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