segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Gran Torino - Clint Eastwood




Quando este filme estava passando no cinema, isso há uns dois anos, imagino, uma amiga me falou que ela tinha visto e que tinha gostado. Recomendou que eu visse, não muito efusivamente. Disse apenas que era legal, eu acho. Uns outros dois ou três filmes que tinham parecido bons a ela estavam numa pequena lista despretensiosa e, junto deles, Gran Torino acabou não ganhando o destaque eu eu acho que ele deveria ter. Porque pela lacônica descrição que ela tinha me apresentado - "um filme" - eu não poderia supor uma circunstância, a de que na verdade se tratava não apenas de um filme, mas de várias histórias consagradas nos anais do cinema. Um cuidadoso ato de sincretismo cinematográfico, isto é que é este filme.

Vamos começar pelo mais óbvio de todos os filmes que formam o conglomerado Gran Torino: Karate Kid. Uma rápida pesquisa no Google com os dois nomes mostra bem como é absolutamente geral e multipartidária a impressão de que os dois filmes são os mesmos. É só olhar. Você tem as gangues, o fetiche pueril pelo carro, toda aquela história de tornar um menino um homem por meio do contato, ainda que apenas tangencial em Gran Torino, com a arte da luta física. Tudo que fez Karate Kid ser o sucesso que ele ainda é, tudo está em Gran Torino. Você tem até cenas explícitas de um garoto pintando uma parede por força de um contrato moral com um homem velho demais para serviços manuais, o que apenas mostra como é profunda a admiração que Clint Eastwood nutre por aquele grande clássico e reformador da juventude.

Numa perspectiva mais branda, Clint Eastwood interpreta o Mr. Wilson.

Em se tratando de aparições de Clint Eastwood, é claro, qualquer filme é no máximo um prolongamento das histórias do Homem Sem Nome. Gran Torino não é nenhuma exceção a essa regra. Simbólico ou simplesmente pantomímico, o ato de sacar um arma ou fingir que está sacando uma arma é um elemento constante ao longo de toda a história. E sempre ele é feito com aquela expressão facial que caracteriza o grande imitador de Clint Eastwood que o próprio Clint Eastwood é. Dá-se-lhe um cigarro; fá-lo cuspir no chão; e subitamente, sem maiores esforços, se tem Clint Eastwood mais uma vez protagonizando uma grande cena do melhor estilo faroeste. Realmente, não importa que os bandidos com os quais ele esteja em contenda não sejam aqueles usuais foragidos mexicanos, mas, notem, homeboys com camisetas da Nike.

[Certa estupidez na hora de salvar o post me fez perder a continuação. Fez o mundo perder a continuação, para ser mais exato. Era genial. Eu tinha apontado elaboradamente como Gran Torino era, no fundo, Dança com Lobos. Como era, também, Um Príncipe em Nova Iorque e Juno.]

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