sábado, 22 de novembro de 2008

Death proof - Quentin Tarantino


Numa palavra, sinto que me foi feito um ato de gentileza pessoal, mais um entre os muitos que eu não mereço. Humildemente agradeço a todo o elenco, ao diretor e à pessoa que me recomendou este filme: muito obrigado. Vou assistir novamente a mais umas cenas antes de escrever qualquer coisa. Acho que eu poderei compensar a perda da emoção súbita e espontânea com a apresentação estudada de alguns detalhes que de cabeça, agora, eu não vou me lembrar.

Antes, um aviso. Eu cheguei a escrever alguns parágrafos que estão depois do três pontinhos com a esperança de, no final, encontrar um jeito de concatená-los de acordo com o desenvolvimento da trama. Isso até que não seria uma tarefa muito difícil, porque Death Proof, querendo ou não, é bem menos vai-e-volta do que outros filmes do Tarantino. Acabei modificando o meu plano, contudo, diante da impossibilidade de assistir novamente a várias cenas do filme sem querer ficar colocando aqui apenas uns trechos, umas frases que tenham me impressionado de alguma forma, por qualquer motivo. De maneira que cederei a essa tentação. Na maioria dos casos elas parecerão muito soltas e ilógicas para quem não assistiu ao filme, e mesmo para quem já o conhece, mas não se lembra com exatidão de todas as palavras. Para resolver parcialmente esse problema, faço-lhes o sumo obséquio de indicar o tempo no relógio em que elas foram ditas. Não me peçam mais.

***

53min 05ss

"Well, what we've got here is a case of vehicle homicide..." Digam o que quiserem da linguagem jurídica, mas que ela às vezes dá uma nome massa a algo que do contrário seria apenas uma atrocidade inominada, isso ela faz. Massa e, ao mesmo tempo, técnico. Vehicle homicide... alguém consegue pensar num jeito melhor de descrever um homicídio cometido com a utilização de veículo?

38min 01ss

"I actually have a book". Muito antes de Stuntman Mike (Kurt Russell) dizer isso, querendo passar a impressão de que, no livro que ele do nada tira do bolso, ele realmente vai anotando o nome de pessoas e coisas que o agradam e importunam, muito antes disso já dá para perceber que o sujeito é esquisito. E como diria o meu avô, todo cuidado com o esquisito. Fiquei rindo sozinho por alguns instantes, de modo bem idiota até, quando me lembrei do episódio de South Park em que ele (de novo, Kurt Russell) aparece como a solução encontrada pelos generais do exército americano para livrar o mundo de uma grande hecatombe que está acontecendo na Imagination Land. Ele é mandado nessa missão suicida para enfrentar uns bichos de pelúcia malignos que tomaram conta de um território e, chegando lá, é estuprado. Por delicadeza, Trey Parker e Matt Stone não mostraram a cena da violação íntima, mas nos fizeram escutar gritos desesperados de "I'm being raped, i'm being raped! Oh my God, I'm being raped". Nada muito mórbido e doentio, é claro. Material certo para uma anotação no livrinho vermelho, eu acho.

45min 40ss

"I'm afraid you're gonna have to start gettin' scared... immediately"
Essa dispensa qualquer glosa.

27min 13ss


- Hey, Warren, who is this guy?
, perguntou despreocupadamente, mas não sem algum interesse na resposta, levantando a mão com um gesto e apontando para aquele homem que vestia uma jaqueta tão indecorosa. Ela ignorou momentaneamente aquela presença incômoda, desviando um pouco os olhos para a direita e procurando Warren, como se aquele fosse o único jeito de restaurar a ordem das coisas, tão perturbada que ela fora por aquele sujeito se apresentando para as pessoas que perguntavam o seu nome como Stuntman Mike. Warren, que em momento algum largou o pano que tinha nas mãos e deixou de limpar o vidro do congelador onde ficavam as bebidas de maior saída no bar, respondeu secamente:
- Stuntman Mike.
Agora já um pouco tocada pela resposta que lhe parecia extremamente banal para uma pergunta que, para ela, não era assim tão sem sentido, prosseguiu exaltada:
- And who the hell is Stuntman Mike?
Warren, inalterável, repetiu:
- He's a stuntman.

01h 27min 11ss
- What's a cheerleader movie?
- It's a movie about cheerleaders.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ih, to achando que temos um caso de adoracao mutua da 7a arte or something like that. Voce comentou Woody - e lendo em algum lugar aqui no seu blog tb vi algo sobre Almodovar (talvez no proprio VCB - acho que foi la!) que tb e um must-seen pra mim!
E agora Tarantino... ah! So falta rever Sofia Coppola (inclusive pra casar com a deixa do Tarantino) e seremos algo a ser definido como high compability!

Death Proof: tem algo que o Tarantino faz melhor do que criar as falas mais inesperadas pra momentos violentos e criar personagens femininas que dominam o filme -e os homens- do comeco ao fim? Nesse ele foi ainda mais espero porque fez os marmanjos aceitaram a dominacao feminina com o apelo dos uso de carros/velocidade. -e claro, sempre bom escolher alguma atriz com o corpo em dia!

My Tarantino's top 3:

1) Kill Bill v1 e v2

The Bride: [in Japanese] Those of you lucky enough to have your lives, take them with you. However, leave the limbs you've lost. They belong to me now.

2) Pulp Fiction

Jules: Well, if you like burgers give 'em a try sometime. I can't usually get 'em myself because my girlfriend's a vegitarian which pretty much makes me a vegitarian. But I do love the taste of a good burger. Mm-mm-mm. You know what they call a Quarter Pounder with cheese in France?

3) Death Proof

Zoë: [while their car is being smashed by Stuntman Mike] I'm sorry I called you black bitch!
Kim: I forgive you! Now, hold the fuck on!

Neto Torcato disse...

Ó, para ser franco, do Almodóvar eu não gosto não. Nem conheço muitos filmes dele. Gostei do Fale com Ela por motivos que nada têm a ver com ele. Foi autenticamente um golpe de sorte. Se eu tivesse visto o filme pela primeira vez em qualquer outra época da minha vida que não aquela em que eu acabei vendo, duvido que gostaria. Estou para te falar que foi uma questão da semana em que eu vi o filme.

Mas, ora, não entra Reservoir Dogs no seu top 3? No meu entra praticamente qualquer coisa com o Tim Roth e o Steve Buscemi - até, e aqui eu arrisco, uns que ele faz de vez em quando com o Adam Sandler.

Aquele abraço.

 
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