domingo, 10 de maio de 2009

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Desde os meus 14 anos eu já devo ter lido este livro umas dez vezes. Daí para mais. Recentemente eu conversei com uma pessoa que me disse buscar na literatura e nos filmes e nos seriados alguma coisa com que ela pudesse se identificar; isso, se eu me lembro bem, como um meio de se conhecer melhor. Eu sempre encarei essas mesmas distrações do espírito daquele jeito mais ingênuo e trivial, como puras distrações. Até como mecanismo de oblívio, para ser franco. E eu volto ao ponto inicialmente sugerido, o de que esse possivelmente é o livro com o qual eu estou mais familiarizado, porque eu não teria como deixar de notar que Brás Cubas é um personagem especial para mim.

Mas tirando algumas coincidências de biografia, digamos assim, que eu costumo mencionar numa conversa ou outra, e algumas passagens do estilo, que poucas pessoas ordinariamente criticam, eu não saberia dizer o que é no Brás Cubas que me dá essa tranquilidade toda. Eu gostaria muito de poder dizer que o Brasinho representa uma mínima parcela a que nenhum brasileiro, por mais desprendido que seja do Brasil, conseguiria renunciar da sua própria personalidade. Isso, no entanto, seria falso; e, o que é pior, generoso demais com os brasileiros. Talvez ele não represente a mínima parcela da personalidade a que nenhum brasileiro conseguirá renunciar, por mais desprendido que seja do Brasil, mas a máxima representação dos brasileiros mais desprendidos. Um brasileiro autenticamente desprendido, em todo caso, poderia querer não perder tempo com ele e nem como ele.

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