segunda-feira, 4 de maio de 2009

The Picture of Dorian Gray - Oscar Wilde

Deve ser a terceira ou a quarta vez que eu leio este livro. Só dessa vez é que eu consegui pensar numa maneira completamente engraçada de cantarolar o nome de Dorian Gray -- seguindo o iniciozinho da abertura de Fidelio. Na minha cabeça fica assim:

Dorian, Dorian, Dorian Gray!
Dooooriannnn, Dooooriannnn...
Doooorian Graaaay, Doooorian Graaaay...
Dorian, Dorian, Dorian Gray!
(segue até o fim do jeito que a pessoa quiser)



A trilha sonora oficial do livro, em qualquer caso, começa com Lohengrin e termina com Tannhäuser. Beethoven é elogiado em algum momento. Mais para o final, Dorian Gray toca um noturno desconhecido de Chopin. Desses é que eu me lembro.

***

Leio na introdução de Peter Ackroyd que o Wilde teria se desgostado com a recepção que o público inglês deu ao livro na época. Para a perplexidade do autor, não se achou o livro suficientemente moral. Parece, no entanto, que não houve a necessidade de se mutilar editorialmente a história para torná-la comercialmente viável. Ao contrário: Wilde até aproveitou para acrescentar alguns capítulos à versão original - acho que desenvolvendo mais a subtrama da Sibyl Vane e do seu irmão, James. 

Uma bela informação que eu até agora desconhecia, ou de resto uma bela frase que eu vou me esforçar para lembrar de agora em diante, é a que está numa das notas ao texto. "Some critics have identified Wilde entirely with Wotton, but it is worth recalling Wilde's own remarks on the subject: 'Basil Hallward is what I think I am: Lord Henry what the world thinks of me: Dorian what I would like to be -- in other ages, perhaps.' (Oscar Wilde to Ralph Payne, 12 February 1894)"

Resumindo a coisa para quem não conhece os personagens, Basil Hallward é o grande artista que parece ter encontrado um novo ideal de beleza personificado no jovem Dorian Gray; Lord Henry Wotton, o dândi cínico que fica apreciando a psicologia de todas as coisas, exceto do vulgar; Dorian Gray, o belo que nunca envelhece e que se degenera moralmente apenas nas tintas de um quadro - por força de pacto com o demônio, devo acrescentar. Então o Wilde seria tudo isso: um artista se deparando com uma nova maneira de representar a Beleza e de desencadear as sensações que ela produz; um rico que pode olhar para a sociedade e que pode desprezá-la, quando não por asco físico, por capricho intelectual; e um cara de fuinha que só se importava em não levar um susto quando se olhasse no espelho. Alguém que deveria mesmo escrever um livro e explicar melhor o que ele tinha em mente, portanto. 


Ser falado e não ser falado: uma das do Lord Wotton.  

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