domingo, 14 de setembro de 2008

The Million Dollar Hotel - Wim Wenders


Eu já odiava visceralmente esse Jeremy Davies desde Saving Private Ryan. Julgo que ali ele perdeu uma das melhores oportunidades que alguém já teve de resolver todos os problemas através de um simples apertar de gatilho. Foi uma covardia deprimente que ele não tenha fustigado, nessa ocasião, um dos alemães que invadiram lá aquela pequena vila. Quando ele apareceu em Lost, descompromissado com a retirada dos sobreviventes da Ilha, e ainda por cima fazendo umas anotações numa agendinha, minha antipatia se consolidou; sinal, eu imagino, de que ele é um bom ator. A se medir o seu talento pelo grau da repulsa intencionalmente criada que seus personagens causam no espectador, aliás, neste filme ele terá atingido um dos pontos altos da sua carreira.

Ele é um skatista oligofrênico morador de um hotel onde uma porção de rejeitados sociais ficam cultivando seus próprios defeitos. Eu me pergunto se no Brasil já estão usando a expressão "mentalmente desafiado" para designar as pessoas com retardo. Acho que de todos esses novos eufemismos, esse é o que mais parece elogiar a pessoa cuja deficiência se quer fingir que não existe.

Preciso dizer que o Tom Tom (é o modo pelo qual ele é conhecido; depois ele fica fazendo graça e dizendo que gostaria de ser chamado apenas de Tom) afronta a humanidade de uma maneira muito grave quando ele fica lá do ladinho da Milla Jovovich e recebe toda a atenção dela. Considerei isso um insulto pessoal, um agravo que só poderia ser desfeito pegando-se em armas. Todo mundo sabe que tão logo a Milla Jovovich seja vista com algum homem, ato contínuo aparece um outro querendo duelar. Mas em boa hora ele se jogou do topo do edifício, assim evitando que eu sujasse as minhas mãos de sangue. Qualquer coisa, também, Mel Gibson apareceria - grotescamente equipado com um instrumento metálico de apoio dorsolombar - para fazer o serviço sujo.

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