segunda-feira, 29 de junho de 2009

Falstaff - Orson Welles

Tão em dúvida eu fiquei quanto ao título deste filme, que em cada lugar do mundo ficou conhecido por um nome, que eu acabei colocando um título que eu acho que não foi oficialmente adotado em lugar algum. Pelo que eu pude ver, sempre tinha um daqueles complementos de títulos que se inventam quando o título original é só o nome do personagem. E quando esse não era o caso -- até por o título original não ser o nome do personagem! --, alguma coisa completamente fora do previsível era escolhida como título, de modo que eu deixarei ficar o Falstaff, que não é mau título.

No que eu vou insistir é na forma, na deficiência crônica da forma como a principal cena de guerra medieval foi mostrada. O combate era entre os exércitos do Príncipe Hal e os do Henry Percy. Alguns milhares de soldados tendo sido posicionados em campo aberto, a visão que se tem é a de dois enormes blocos humanos colidindo de maneira não amistosa. Orson Welles, mostrando essa batalha, seguiu os preceitos da escola que eu chamarei clássica -- a escola que pensa que o melhor jeito de gravar essa cena é mostrando vários momentos da batalha de maneira rápida. Com a cavalaria, por exemplo, sendo mostrada avançando por alguns segundos, seguida da artilharia, da infantaria, dos arqueiros. No máximo dois ou três golpes são mostrados daqueles poucos soldados escolhidos entre a multidão. Acho que a ideia é mostrar que a batalha é dinâmica ao mesmo tempo em que ela é avassaladora, tudo isso chocando o menos possível com detalhes de sanguinolência.

Eu estou cansado da escola clássica. Não consigo pensar num único filme de guerra medieval que não tenha seguido a escola clássica. It's all full well for a while com a escola clássica, mas chega uma hora em que você quer ver alguma coisa diferente. O que eu proponho é um sistema mais individualizado de filmagem. Eu não quero ver 17 vezes, 17 soldados darem 17 espadas únicas em 17 adversários e eu não quero escutar 17 gritos de dor antecedendo 17 mortes instantâneas. Eu quero ver, adaptada ao combate medieval na sua totalidade, a cena que a escola clássica reserva apenas para a briga dos chefões de cada exército. Só que sem aquela palhaçada de 17 tentativas de acertar o adversário pela direita, depois 17 tentativas de acertar o adversário pela esquerda. Eu ficaria satisfeito se eu visse o quê, dois ou três soldados rasos brigando realmente até que um deles morresse. Estou falando do vencedor perfurando repetidamente o tórax do derrotado, o sangue esvaindo do seu corpo em pequenas ondas e pedaços das estranhas ficando na ponta da espada. Sabem aqueles sujeitos que recebem uma única flechada no peito e já caem cadáveres? Eu quero ver esses sujeitos sendo trespassados por uma flecha no pescoço e agonizando por uns 40 segundos, até que um soldado inimigo passe e lhes esmaguem o crânio com uma bota.

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