sexta-feira, 10 de abril de 2009

The Catcher in the Rye - J.D. Salinger

Comparada com outras capas que eu vi no Google, a dessa edição sem dúvida é a mais sem graça. O que ela tem de peculiar é que ela é idêntica nos dois lados do livro: só essas palavras, nenhuma figura. Essa simplicidade de apresentação até condiz com a simplicidade do próprio estilo do autor, embora a história contada tenha muito mais agitação do que se poderia supor de um quadro opaco e cinza. 

A história contada é a de dois ou três dias na vida do adolescente deprimido Holden Caulfield. De dois ou três dias na vida de um adolescente que se deprime com quase tudo que ele faz, vê e escuta, em todo caso. Pelo sarcasmo e tal com que ele fala de tudo seria até estranho dizer que ele estivesse espiritualmente completamente abatido, mas a questão é que ele mesmo se afirma deprimido com uma porção de coisas. Com as garotas que ele vê num lobby e que ele imagina se casando com homens estúpidos, por exemplo. Com o pensamento de que se ele descobrisse a pessoa que roubou as luvas dele no colégio interno ele provavelmente não iria dar um soco nela, por exemplo. Acho que durante esses dias cinco minutos não se passaram sem que ele encontrasse um motivo novo para se sentir muito mal com alguma coisa. A ponto de ser morto por ela. Várias vezes ele reclama graciosamente de coisas que o estavam matando. 

"I was crazy about The Great Gatsby. Old Gatsby. Old sport. That killed me. Anyway, I'm sort of glad they've got the atomic bomb invented. If there's ever another war, I'm going to sit right the hell on top of it. I'll volunteer for it, I swear to God I will."  

Essa parte é engraçada. Ele estava falando de como o irmão dele tinha ficado no exército por quatro anos e da impressão que ele teve de que o exército estava tão cheio de canalhas como os nazistas. Quando eu leio alguém comentando situações vividas no exército e na guerra eu sempre fico com uma sensação de exótico. Os homens cujas circunstâncias de tempo e lugar fazem com que participar de uma guerra seja uma possibilidade real, quer dizer, esses me parecem criaturas exóticas que eu nunca vou conseguir entender de verdade. 

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