segunda-feira, 27 de abril de 2009

Man and Superman; a comedy and philosophy - George Bernard Shaw

São quatro leituras diferentes, esse livro. A primeira é um prólogo de umas 40 páginas que o G.B.S escreveu para o amigo dele que primeiro perguntou por que ele não escrevia uma alguma coisa com um Don Juan. O nome do amigo era Arthur Bingham Walkley.  A segunda é a própria peça, aqui já nos quatro atos em que ela originalmente foi escrita e que puderam ser finalmente encenados alguns anos depois da estreia da versão aplacadora com que se refreou a insurgência do público inglês contra as diatribes características do autor. Das primeiras encenações se tirou o terceiro ato, o que mostra o diabo como uma espécie de cavalheiro indignado com o fato de Mozart ter abandonado o inferno pelo paraíso. Menorzinho também, de umas cinquenta páginas, o Revolutionist's Handbook and Pocket Companion é o livro que Jack Tanner escreveu e que tanto desconcerto causou nos outros personagens da peça. É a terceira das leituras que estão no livro. A última e menor de todas é uma compilação de máximas para revolucionários chamada perfeitamente aptamente de Máximas para Revolucionários.  

Antes que alguém se preocupe com o que está acontecendo comigo, no entanto, deixa eu esclarecer que ler esse livro não tem sido pra mim senão uma pequena distração das coisas sérias. Eu não me tornei um revolucionário, é o que eu quero dizer. Não me tornei nem o revolucionário esclarecido e inteligente que eu me tornaria se tivesse Jack Tanner como o meu modelo -- me tornar também um M.I.R.C, Member of the Idle Rich Class, isso já seria um benefício extra). E o que me deixa tranquilo para ler esse livro, as outras três leituras, em qualquer caso, é o fato de que eu já conhecia o texto da peça de um arquivo que eu uma vez encontrei na internet. 

Só estou relendo e completando um pouco o quadro de referências do texto puro da peça, portanto.

O bom de ler autores socialistas como G.B.S e Kurt Vonnegut é que eles parecem ter um senso de ridículo aguçado o suficiente para não proporem de maneira muito enfática alguma coisa para substituir a organização social que eles descrevem como péssima. Porque ato contínuo a isso eu perderia a paciência. Eles não cometeram esse erro nos livros que eu já li, não com força bastante para quebrar o escudo que eu tenho contra esse tipo e contra praticamente todos os tipos de discurso. Agora, se eles já fizeram muito estrago por aí, e eu até acredito que tenham feito estragos irreparáveis numas cabeçinhas de vento, com o meu distanciamento altivo eu me permito ler esses autores sem os levar muito a sério. Pelo estilo e pela imaginação vale a pena. Quer dizer, não estamos falando aqui de Jorge Amado,  ora raios!

***

Não tive saco para ler a carta dedicatória inteira logo de início. Achei que o G.B.S exagerou um pouco no tamanho das explicações que ele deu. Parei quando ele mesmo escreveu que os homens sábios leem primeiro aquilo que foi escrito, depois aquilo que se escreveu sobre o que foi escrito. É claro que essa conta nunca vai ser fechada, e mesmo eu já conhecendo a peça, resolvi dar uma puladinha nessa parte. Enquanto eu ainda estava nela eu não pude deixar de pensar na cena do amigo dele perguntando lá por que ele não escrevia uma peça com um Don Juan. "You should write a Don Juan play, old George boy!", ele deve ter dito, só para ver se a conversa ia a algum lugar. E vendo a reação do G.B.S, uma grave expressão de quem estava ponderando alguma coisa na sua face, ele resolveu seguir uma tática mais prosaica de conversação. "Hey, pass me that salt, will you?". 

***

A peça: leiam. 

***

O livro dos revolucionários: não leiam. 

***

E algumas máximas:

When a man teaches something he does not know to somebody else who has no aptitude for it, and gives him a certificate of proficiency, the latter has completed the education of a gentleman.
- The reasonable man adapts himself to the world: the unreasonable one persists in trying to adapt the world to himself. Therefore all progress depends on the unreasonable man. 
- Self-sacrifice enables us to sacrifice other people without blushing.
- (Prêmio especial para o melhor início de frase. Um temorzinho de ser visto como um criminoso por pessoas que não entendem que o meu elogio é ao estilo, porém, me faz alertar que o meu elogio é ao estilo) If you beat children for pleasure,  avow your object frankly, and play the game according to the rules, as a foxhunter does; and you will do comparatively little harm. No foxhunter is such a cad as to pretend that he hunts the fox to teach it not to steal chickens, or that he suffers more acutely than the fox at the death. Remember that even in childbeating there is the sportsman's way and the cad's way. 

Nenhum comentário:

 
Free counter and web stats