domingo, 5 de abril de 2009

Synecdoche, New York - Charlie Kaufman


Para observações sérias e corretas eu recomendo este post aqui, que chega a dizer que: "Desta vez, ele [Charlie Kaufman] parece ter pego a estrada maluco beleza sem o cinto de segurança de um diretor para policiar seus vôos, partindo numa jornada sem volta, mas com a fé do seu elenco de atores simpáticos à causa autoral e independente." Mesmo sem conhecer os detalhes de criação do filme, só sabendo de maneira genérica que é o primeiro que além de escrever o roteiro ele está também dirigindo, achei esse comentário bastante pertinente. 

O mais que eu poderia dizer, eu acho, já tem a ver com o que eu estava pensando enquanto assistia à história. E é sobre o erro crasso da insistência ou o mérito despercebido da desistência. Quer dizer, me parece muito claro que a civilização é a soma harmônica do esforço das pessoas que insistiram nas boas ideias com a contribuição não menos valiosa das pessoas que desistiram das más. Na dúvida, é claro, e em termos estatísticos, não prosseguir num determinado curso de ação e renunciar à satisfação de dizer que concluiu alguma coisa, na dúvida esse é sempre o melhor caminho, porque as chances de você estar fazendo algo errado ou simplesmente insignificante são bem maiores do que as chances de você estar acrescentando alguma coisa ao acervo das genialidades. 

Enquanto eu assistia ao filme eu fiquei pensando nisso. Que Charlie Kaufman poderia ter desistido de terminá-lo; Caden Cotard (Phillip Seymour Hoffman), de fazer a peça mais brutalmente honesta de todos os tempos; eu, de ficar sentado, vendo tudo isso acontecer sem a garantia de um resultado final positivo. Mas não. Ficamos nós três, por puro orgulho, tentando nos convencer de que valeria a pena ir até o fim. 

E fomos o mais longe possível. Charlie Kaufman, aliás, vai ter lá um filme com o seu nome creditado como diretor. Eu vou ter até um post dedicado ao filme. O Caden, no fundo, foi o mais conformado. Quando alguém disse que ele tinha que parar com aquele negócio de construir um palco do tamanho da própria cidade, ele aceitou parar de viver a sua vida como um dramaturgo monomaníaco e entrar na pele da arrumadeira da sua ex-mulher. Mas ele levou, o quê, dezessete anos para tomar essa decisão?! Não. Foi mais do que isso, eu acho. 

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