domingo, 28 de dezembro de 2008

We're no Angels - 1955 - Michael Curtiz


Não a versão com Sean Penn e Robert De Niro, como vocês podem imaginar. Aqui são três prisioneiros fugitivos que se abrigam numa casa de fundos para um loja, em oposição à mencionada dupla se escondendo num convento. Aqui a história se desenvolve em torno de diálogos, saídas e entradas dos personagens basicamente de uma única sala. Que é por onde transitam, indo de um canto para o outro, os três membros da família Ducotel: o pai, encantadoramente pródigo gerente da loja que o seu primo rico lhe deu para administrar; a mãe, uma mulher que não se arrepende de ter se casado com um encantadoramente pródigo homem de negócios falido; e a filha, a sonhadora apaixonada pelo primo que ficou na França quando ela e sua família abandonaram o país em razão de um mau relacionamento com os credores.

O filme é de 1955. A fotografia Technicolor parece ser de 1955. O fato de os prisioneiros, em algum ponto, homenagearem a família cantando uma música sobre os três reis magos tem alguma coisa de 1955. O próprio Humphrey Bogart, já nas últimas, tem um corte de cabelo definitivamente típico do ano de 1955. Só dois elementos que destoam: os outros dois companheiros de prisão. Um deles é igual àquele amigo do sujeito naquele filme em que a mulher do Sex and the city tenta obrigá-lo a sair de casa (bastante acurada e precisa essa minha frase). O outro, dir-se-ia um taumaturgo na arte de violar cofres e outros utensílios lacrados, também tem um aspecto mais moderno. Não sei dizer bem o porquê.

Vou dizer exatamente qual foi a minha parte favorita. Foi o efeito especial, rudimentar à sua própria maneira, da última cena: o breve instante que eles esperam para colocar a auréola na cabeça do Adolphe é o mesmo que eu esperaria, se eu fosse o encarregado. Transcrevo uma das melhores falas. Peter Ustinov está contando sobre uma vez que Adolphe intercedeu por eles. Suas mãos estão displicentes em seus bolsos. Suas palavras são pronunciadas com uma espécie de consternação zombeteira, os lábios se mordendo algumas vezes, os ombros se encolhendo algumas vezes, o seu olhar algumas vezes se desviando para o nada, como se a visão que ele estava descrevendo tivesse alguma qualidade indizível que só quem tivesse visto pudesse compreender.

"Adolphe did us a favor once".
"A big favor".
"We used to be watched over by a guard who was a very disagreable fellow... with a whip. One day, he was shouting in a particularly nasty way and must have been a note in his voice which irritated Adoplphe. Because, you know, vipers are very musical reptiles. They're much more musical than people think. And, anyway, the snake lost his patience, fell into the gap beetween the guard's collar and, I suppose, it would be the neck and... schheezzz. It was a matter of seconds.

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