sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Shadows - John Cassavetes


Um disclaimer, no final, adverte que a coisa toda foi um ato de improviso. Posso dizer que eu mesmo também exceli na minha dose pessoal de improviso. Assistir a esse filme, nas condições em que assisti, foi um dos feitos mais repentinos, súbitos, espontâneos da minha trajetória. Eu estava passando em frente ao cinema quando vi o anúncio e, na confusão do momento, só deu tempo de ir em casa, tomar banho, jantar, responder emails, pagar algumas contas e pegar o meu aparelho móvel de contenção. Entreguei o ingresso e escolhi um lugar ato contínuo, menos de uma hora e quarenta minutos depois de ter visto a programação no placar.

Sobre o filme, acho que eu nunca vi um rol tão grande de coisas que eu adorei e detestei condensadas tão proficuamente num único filme. Para começar falando de algo legal, a legenda do filme era em português de Portugal. Contemporâneo à época do filme, reparem. Filme que é de 1959. O que eu li de "whatcha doin', man" sendo traduzido como "que fazes, pá?" é mais do que eu gostaria de lembrar. Também me inquietou a questão das "tipas miúdas", ou das "tipas não miúdas", não me lembro bem. O chato é que o som muitas vezes era incompreensível por deficiência técnica. Outras vezes, no entanto, não dava para ter noção do que os personagens estavam falando porque a trilha sonora -- jazz da melhor qualidade -- era muito alta.

Como eu disse, dez segundos de uma cena poderiam contemplar, e muitas vezes contemplaram, o pior e o melhor que eu conheço em matéria de cinema. Nem tanto pelo que estava aparecendo na tela, em si, mas pelas alusões e memórias que aquilo constantemente me infligia. Mesmo eu, que não conheço ninguém, por exemplo, não pude deixar de notar que, dos dois irmãos músicos e do empresário que agenciava para o cantor, um era o Netinho, outro, o Jair Rodrigues, outro, o filho do Jair Rodrigues. Estou falando de serem exatamente as mesmas pessoas; estou falando de não haver nenhuma diferença física. Quase me levantei quando me pareceu que o empresário iria começar a dizer "E deixe que digam, que pensem, que falem..."

Nenhum comentário:

 
Free counter and web stats