domingo, 5 de outubro de 2008

C'era una volta il West - Sergio Leone


De que outra coisa Charles Bronson poderia ser acusado, senão de fazer o papel de uma sereia? Estranho como isso possa parecer, nada poderia ser mais nítido. A única diferença é que a história não se passa no oceano, mas em pleno Velho Oeste; e que ele se faz notar aos que passam por perto tocando uma gaita, e não soltando uns gritinhos de criaturas lendárias do mar; e que a sua única vestimenta não é formada por escamas azuladas, consistindo apenas num tergal branco ridiculamente por cima de uma camiseta rosa, muito semelhante a algo que um cantor de lambada usaria.

Mas este filme já teria cumprido a sua missão se ele não passasse da cena inicial, que provavelmente já se tornou clássica. Se bem que eu não teria achado ruim o seguinte. Acho que, para completar a demonstração da pura incivilidade dos personagens, o sujeito lá poderia apertar o gatilho do revólver contra a parede e pulverizar a mosca capturada dentro do cano da arma. Acho que isso teria mandado a mensagem.

Um pouco mais para frente, aliás, na hora em que a guria está entrando na cidade pela primeira vez, pode-se ver de onde saiu a tomada de câmera com a qual se mostrou o próprio Marty McFly entrando pela primeira vez na Hill Valley de 1885 - uma das minhas cenas favoritas de toda a trilogia. E aqui eu registro formalmente algo que já me incomodava na cena do De Volta para o Futuro, e que agora eu percebo foi herdado diretamente do Sergio Leone: tanto o Marty, como a Jill, parecem ter apertado sensivelmente o passo entre o momento em que eles aparecem no início da cena, embaixo do portão, e a hora em que eles já aparecem bem ao fundo, já dentro da cidade. Não entra na minha cabeça que uma distância daquelas pusdesse ser percorrida em tão pouco tempo. Tudo não passa de um belo truque.

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