sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Radio Days - Woody Allen



Cheio de cenas com várias pessoas falando ao mesmo tempo, normalmente discutindo recreativamente sobre uma ninharia insignificante. Várias ninharias insignificantes, aliás, cada uma apenas incidentalmente relacionada com as outras que estão sendo discutidas pelas pessoas sentadas ao lado. De alguma forma, no entanto, isso não é retratado da maneira grotesca e irritante com que acontece na vida real. Na minha opinião, conseguir esse resultado é uma das habilidades mais notáveis e meritórias do Woody Allen.

Quem sabe um dia alguém das gerações mais novas poderá fazer um filme sobre como uma trilha sonora em particular influenciou a sua vida e sobre como memórias bastante caras lhe são reavivadas a cada vez que ouve novamente uma velha canção. A oportunidade para que isso aconteça, naturalmente, é muito maior hoje em dia do que era na época em que se escutava música só quando se estava em casa. E olha que os dias do rádio ainda eram bem mais prolíficos, nesse ponto, do que, digamos, tudo que aconteceu na Terra antes do rádio ser inventado. Alguma dúvida, por exemplo, de que eu já ouvi o Liebestod no meu celular muito mais do que o número de vezes em que ele foi executado durante a vida inteira de Wagner?

Ao contrário do que usualmente acontece em outros filmes, quando ele fica de narrador só bem no início e depois parece se esquecer por completo da idéia, aqui o W.A segue até o final com o mesmo padrão: descrevendo com um ou outro eufemismo delicado uma cena que a imagem mostra ser precisamente... merecedora de um eufemismo delicado.

Termino elogiando o Seth Green no papel do infante Allen. É legal quando o pai dele fica indignado e começa a dar tapas nele, perguntando por que ele não poderia ser um gênio.

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