domingo, 15 de fevereiro de 2009

The Boy in the Striped Pyjamas - Mark Herman

Nem é um filme truculento do jeito que os filmes sobre o assunto podem ser, nem se aproxima da doçura redentora de A Vida é Bela: daí o choque. Em matéria de ambiente histórico, observo a possível falha de se colocar um oficial nazista sendo parabenizado por uma promoção na carreira numa festa onde só se toca jazz. A maioria dos filmes, Swing Kids talvez como o exemplo mais expressivo, retrata a aversão que a música americana despertava nessa esfera da sociedade alemã -- o que de resto só pode ser reconhecido como uma incongruência do filme na medida em que se aceita que a família lá seja uma família alemã, e não uma família britânica simplesmente transportada para a Alemanha por conveniência do roteiro. 

Tentarei falar sobre o final sem detalhar a trama, o que talvez eu consiga fazer dizendo que o final do filme é, sobretudo, a imagem indiciária da brutalidade pura e simples. E um artista pegando um objeto qualquer e o apresentando num contexto artístico, por mais estúpido que isso normalmente seja, pode surtir um belo efeito. No caso, a atrocidade representada pelo objeto é tornada ainda mais atroz pelo número e pelo fato de que se você parar e pensar você vai encontrar milhões de boas razões para que aquilo não acontecesse.

Saí do cinema pensando que eu deveria ter me informado melhor sobre o filme antes de separar uma tarde da minha vida para assisti-lo. Não foi nada frívola e transitória, essa parte. Mas já que é possível não ser sombrio o tempo todo, se me consultassem para inventar um outro título para o filme, eu sugeriria O Menino do Pescoço Tombado, que foi muito se o Shmuel tiver levantado o pescoço duas vezes em todas as entrevistas que ele teve com o seu amigo. O resto do tempo ele ficava olhando para o chão, com pequenos gestos de conformismo declarando que a vida no campo de concentração não é lá grandes coisas. Esquecendo um pouco que nós estamos falando de uma criança de oito anos numa droga de campo de concentração, fica a graça humana, eu acho.  

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