sábado, 21 de fevereiro de 2009

Inland Empire - David Lynch


É meio que totalmente excepcional eu postar qualquer coisa sobre qualquer filme que eu não tenha visto pela primeira vez apenas alguns minutos antes. Eu não saberia dizer quantas vezes isso já aconteceu, se é que já aconteceu. O que me leva a quebrar essa regra é o fato de nós estarmos falando simplesmente de um dos filmes mais desconcertantes de todos os tempos. Sob todos os aspectos. Todas as vezes que você o assistir. Você e todos os membros de todas as espécies humanóides que vieram depois do homem de Neanderthal. Cegos e surdos inclusos. Não tenho medo de parecer  um jornalista desses que escrevem críticas posteriormente inseridas na própria capa do filme quando eu digo que Inland Empire é o filme mais desorientador que eu conheço. "DESORIENTADOR! - Neto Torcato, do blog Neto Torcato, lido enquanto escrito por Neto Torcato". E embora eu não esteja em condições medir o grau exato dessa desorientação, ser obrigado a acrescentar ao link do IMDB também o da Wikipedia me alarma um pouco para a questão de como a coisa parece ter passado dos limites.

Não diferentemente do que aconteceu na primeira em que fui assistir, também dessa vez uma aguda sensação de consciência me fez concluir que o que eu estava fazendo não era me interessar por uma história. Não era, tampouco, me interessar por personagens ou lugares que estivessem sendo mostrados -- à exceção daquele quarto altamente libertino onde um bando de mulheres confessam suas desinibições. Três horas depois, o que sobra desse filme não é muito mais do que a alentadora noção de se ter prestado homenagem a um homem louco. Que evite o filme quem se incomodar com essa noção. Que o evite, também, quem estiver procurando por uma espécie de loucura sempre aleatória e propositadamente desarticulada. Não é isso. David Lynch não chega a fazer a gentileza de só juntar fotografias em um único rolo de filmagem e convidar as pessoas para ver como elas ficam em sequência. Claramente ele cria a hipótese de que tudo ali, em alguma escala, faz sentido. Mas é bobagem transformar a busca por esse sentido numa questão de honra. Primeiro, porque as chances de você falhar são grandes. Segundo, porque moral da história é coisa de fábula. Por último, porque o filme é massa mesmo assim. 


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