domingo, 8 de fevereiro de 2009

Waking Life - Richard Linklater

Bastante tempo depois de ter assistido a fragmentos deste filme na TV e de ter experimentado, durante o processo,  uma sensação forte de vertigem, fiz uma nova tentativa -- infrutífera. Antes de falar qualquer coisa sobre o conteúdo do filme, embora já entrando na delicada parte do formato em que ele é apresentado, acho que é a primeira vez que eu posso dizer de um filme que só de olhar para ele eu fiquei tonto. Quase nauseado, se essa expressão puder ser utilizada para designar o caso de alguém que não está conseguindo enxergar o que está na sua frente e que fica bastante frustrado com isso. As piores cenas foram as do guri andando pela cidade: não apenas a paisagem era de desenho, como a linha do horizonte ficava tremendo feito uma gelatina inconsistente. 

Nota: me queixar com o meu oculista da minha incapacidade em me concentrar assistindo a esse filme; pedir que ele acabe com o meu caso de miopia/astigmatismo. Ou então testar daltonismo, sei lá. Algum problema ele vai ter que achar. Eu gostaria de dizer que não é à toa que eu não estou fazendo muito sentido nessa história de vertigem. Francamente, eu fiquei bastante encabulado com o jeito pelo qual a minha visão não funcionou e com o jeito pelo qual minha cabeça parecia uma bola de basquete sendo atirada violentamente ao chão a cada vez que eu fechava um pouco os olhos para tentar enxergar alguma coisa fixa.

Mas já falando da história,  terei eu sido um crápula cinematográfico se eu tiver terminado o filme desejando que a cena final fosse do guri mostrado em imagem normal? Sabe, uma rápida imagem normal dele acordando daqueles sonhos malucos, olhando para o relógio e vendo que já estava na hora de se preparar para começar o dia. Porque mais ou menos lá para o início da segunda metade do filme eu já tinha colocado na minha cabeça que esse era o final melhor que a história poderia receber. Todos aqueles monólogos interessantíssimos eu via como simples obstáculos que precisariam ser afastados para se chegar ao final perfeito que eu tinha elaborado mentalmente, o guri sendo mostrado em imagem normal. Não teria sido tecnicamente muito difícil fazer isso. Bastaria deixar uma pequena parte da filmagem no seu formato original, pois eu li há muito tempo que o filme foi todo rodado em câmeras normais e que só depois o efeito de animação foi acrescentado. 

O que essa minha ideia faria com o conceito artístico do filme eu não sei. A sua pertinência talvez esteja limitada só ao que eu achei do filme, não a uma análise objetiva do roteiro. Eu sempre fui um pouco insatisfeito com a forma das histórias terminarem, em todo caso, mas nunca fui satisfatório na hora de apresentar desfechos alternativos. Quem leu os meus trabalhos literários para os livros do Cachorrinho Samba pode falar.   

2 comentários:

Maisa disse...

Esse me deixou menos tonta do que o "A Scanner Darkly", que ate hoje nao consegui terminar.
Porem, eu AMO as questoes over filosoficas que o Waking Life traz a tona. Tb adorei ter reaproveitado a cena excluida do filme do Ethan Hawke.

Neto Torcato disse...

Pois é. Recebi até email dizendo que os conceitos e opiniões que são conversados no filme são, na verdade, bem legais. Relendo o que eu mesmo escrevi, vi que eu disse apenas que os monólogos são interessantíssimos (até superlativo eu usei, rs). E são. Sendo muito honesto, eu acho que alguns momentos do filme são de um cientificismo um pouco artificial. Não me lembraria, agora, de um exemplo, mas sei que vendo o filme eu cheguei a pensar assim. No fim, eu não falei muito sobre esse assunto por pura incapacidade de fazer resenhas elaboradas e tal. E que eu fiquei tonto, isso eu fiquei.

 
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