sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vertigo - Alfred Hitchcock

Conturbado na forma de lidar com o que já passou, profundo, emocionalmente devastado, um homem tornado louco e obcecado -- e depois da segunda cena do filme, sumamente chato.  Este é James Stewart no papel do detetive aposentado John Ferguson. 

Terá sido intencional e cuidadosamente pensado, eu sei, que na segunda cena do filme ele ainda apareça tranquilo, bem disposto e brincalhão com a própria desgraça, para só depois disso aos poucos se transformar num miserável monomaníaco. A força com que as pessoas podem mudar de caráter quando submetidas a eventos traumáticos e tal, eu não questiono que isso é muito bem explorado e artisticamente demonstrado nessa história. Eu diria até que só depois da segunda metade do filme é que o Stewart passa a se comportar de uma maneira mais excêntrica do que normalmente uma pessoa simultaneamente apaixonada e com medo altura se comportaria. E enquanto as coisas ainda seguem nesse pé, não é impossível, eu calculo, que sentimentos de empatia e solidariedade possam nascer em relação a ele.

Mas eu não cheguei a tanto. Quando ele começa a perseguir a mulher que ele tem a impressão de ser muito parecida com uma mulher que ele achava que tinha cometido suicídio, mesmo as suas suspeitas se confirmando e essas duas mulheres sendo realmente a Kim Novak , eu meio que perdi a paciência. Ele insistindo nisso me deixou até irritado. E vejam se eu não tive bons motivos. Apenas para situar quem não conheça a história, e passando por cima de um monte de coisas, Stewart tinha mais ou menos visto a mulher por quem ele estava apaixonado se jogar de um campanário e se esborrachar em cima de umas telhas de argila, segundo me pareceu. Essa mulher sendo a esposa de um velho amigo de faculdade que o tinha contratado justamente para segui-la e para descobrir se ela estava sendo possuída pelo fantasma da sua tataravó, Stewart meio que deixa o assunto para lá depois de um tempo. Só que depois ele resolve se deixar enlouquecer, atormentando-se com sonhos nos quais alguma coisa parece atraí-lo para a morte. Chega ser internado num sanatório, onde ele se recusa a tratar a sua moléstia com sessões terapêuticas de Mozart. Apesar disso, e contra toda a verossimilhança, cura-se. Ou assim dá a entender. Depois que ele sai do sanatório tudo que ele faz é ir a lugares que o fazem lembrar da sua falecida amante. Fica nessa até encontrar uma mulher parecida com ela. Daí ele começa a mandar essa mulher se transformar fisicamente na outra. Primeiro ele a força a usar as mesmas roupas que a outra, o mesmo sapato. Ele então manda que ela faça um tingimento no cabelo. Chega a reclamar que o topete não está igual. A cada nova exigência ele fica dizendo por favor, por favor, em que isso pode te incomodar, querida? 

Quer saber, incomodou a mim, car$¨*1!  

Obra-prima de um mestre, interpretação brilhante, blá blá blá.

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