domingo, 4 de janeiro de 2009

Colour me Kubrick - Brian Cook


John Malkovich está tão afetado neste filme, seus trejeitos são tão estrambólicos e irritantes, tudo nele é tão visivelmente postiço, que nem por um segundo é possível esquecer como ele é talentoso -- o fracasso do Ripley com ele, estou certo, foi culpa de outra pessoa. Aqui, dependendo da pessoa para quem ele está fingindo ser Stanley Kubrick, ele muda de voz e de personalidade da mesma forma inconstante com que eu mudo de sabor favorito de bala Halls, um a cada dia que eu passo em frente à barraquinha onde eu adquiro esse tipo de suprimento. Imagino se ele fez um laboratório, como se diz no jargão, com o verdadeiro Alan Conway. Alan Conway foi o sujeito que enganou uma porção de gente ao se passar por Stanley Kubrick --nesse processo talvez até deixando de pagar por umas vodkas que ele consumiu, mas, acima de tudo, se divertindo com a estultícia alheia. Normalmente ele oferecia sua ajuda, seus contatos com as celebridades, como um elemento de troca por pequenos ou grandes favores. E, como testemunham os anos que ele teve de sucesso com essa tramóia, pessoas querendo se aproveitar dos outros (no fundo, sendo passadas para trás), não faltam. O golpe era dado na Europa, principalmente na Inglaterra. Em Londres, com o propósito de ludibriar as pessoas que ele chamava para fazer algum passeio pela cidade, ele ficava sentado na porta de uma daquelas mansões sóbrias, desprovidas de grades, e combinava que as pessoas passassem por ali num determinado horário. Assim, elas nem precisavam entrar na casa para supor que ele era o dono, como, além disso, Conway também fazia a sua fama de homem pontual. Sempre funcionava, ele disse.

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