domingo, 25 de janeiro de 2009

Mean Streets - Martin Scorsese


Aqui. Uma continuação do Who's that knocking at my door. Só que com Robert De Niro soltando bombinhas pela vizinhança, doidamente fustigando seus credores e então postergando suas dívidas até o limite do possível, nisso sendo ajudado por um primo semi-mafioso cujos maiores ídolos são John Wayne e São Francisco de Assis -- e que, despertando no meio da noite de um pesadelo, começa o filme sustentando o seguinte: "you don't make up for your sins in the church. You do it in the streets. You do it at home. The rest is bullshit and you know it." Ele se levanta da cama assustado. Italiano, está vestindo uma camiseta branca. Detém-se por alguns instantes em frente ao espelho, enquanto umas sirenes de polícia tocam no final da madrugada, no lado de fora. Por uma última vez leva as mãos ao rosto. A partir daí começam os créditos. A música é Be My Baby, The Ronettes. Mas eu não achei que os outros personagens que vão se alinhando a esses dois sejam notáveis por sua malignidade -- por exemplo, o tio rico a quem as pessoas se dirigem pedindo conselhos; o dono do bar em torno do qual gira a vida de todo mundo; os agiotas; as dançarinas. Aliás, o dono do bar tem uma cara muito boa. O agiota só bem no final é que procura acertar a jugular do devedor. E a dançarina é a Beyoncé nua. It's all about Johnny Boy, though: entrando no bar em câmera lenta, Jumpin' Jack Flash tocando, abraçado a duas garotas, um chapéu de 25 dólares na cabeça e as calças entregues na portaria. O simpático dono do bar pergunta se aquela era a cueca que tem uns corações. Tudo bem que os solilóquios de Charlie (Harvey Kietel) também são muito bons. Por exemplo, logo que ele vê o seu primo Johnny chegar ao bar da maneira descrita acima, preocupado pelo motivo de o agiota estar cobrando dele uma dívida que o seu primo não dava o menor sinal de querer quitar, e conversando com Deus, Charlie diz: "All right, okay. Thanks a lot, Lord. Thanks a lot for opening my eyes. You talk about penance and you send this through the door." Outro ponto de vantagem. A briga que é mostrada, é mostrada braçal e desorganizada como toda briga de não-profissionais deve ser. Mas, uma vez mais, o melhor é a cara do Johnny Boy: em cima da mesa de sinuca, chutando e quebrando o taco em tudo que se move à sua frente, uma versão de Mr. Postman tocando.

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